Page 48 - Demolidor - O homem sem medo - Crilley, Paul_Neat
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se tornam mais definidos conforme ele se concentra nessas ondas invisíveis,
observando enquanto elas se modificam para linhas e formas.
E então elas se transformam ainda mais. Matt franze a testa, irritado. Não
está funcionando.
E então…
As formas mudam, tornando-se mais precisas. Contornos e penhascos
aparecem. Morros e vales. Quase como se ele estivesse olhando do alto para
uma cadeia de montanhas lá.
A imagem evolui novamente e um círculo se abre. Um lago na paisagem?
Não.
A percepção de Matt se aprofunda. Como se ele estivesse vendo uma
dessas figuras que pode ser tanto uma velha quanto uma moça. Os picos e
vales mudam em sua mente, e ele se dá conta de que está olhando para o
rosto de Stick. O círculo se abrindo é a boca de Stick quando ele começa a
falar.
– Você entendeu? – ele diz suavemente. – O ar está sempre aí. Você só
precisa vê-lo.
Matt olha ao redor, maravilhado. Mas o movimento destrói o feitiço. Sua
calma concentração se estraçalha em milhares de pedaços e ele está de volta
à escuridão distorcida.
– Pratique, garoto – diz Stick. – Vai ficar mais fácil.
• • • •
Meses se passam. O porão se torna a segunda casa de Matt. Aonde ele vai
para fugir.
Para ter esperança.
Ele ouve. Testa o ar, procurando os sons na lista em sua mente.
A tensão seca do categute.
O estalar da madeira sendo forçada a dobrar além de sua curvatura natural.
– Você está segurando um arco – diz Matt. – O que dois caras cegos vão
fazer com um arco?
– Isso.