Page 97 - Demolidor - O homem sem medo - Crilley, Paul_Neat
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Brad rindo enquanto passa a toda velocidade, seus amigos dando tapinhas

                em seus ombros.
                  Matt cruza a rua e ajuda Foggy a se levantar.
                  – Obrigado – Foggy diz, olhando com tristeza para seus livros na neve

                lamacenta.
                  – O que foi tudo isso? – pergunta Matt.

                  Foggy dá de ombros.
                  – O que posso dizer? O cara não gosta de mim.

                  Matt se inclina para pegar alguns livros, lembrando-se de antes tatear ao
                redor com a bengala. Precisa manter as aparências.

                  –  Acho  que  simplesmente  vou  ter  de  viver  com  isso.  Não  é  por  muito
                tempo, certo? Faltam apenas três anos.

                                                           • • • •

                  Matt, mais do que qualquer outra pessoa, sabe o que três anos de bullying
                podem fazer com alguém. Naquela noite, ele veste uma calça jeans e uma

                blusa preta. Pega a touca balaclava que comprou com esse exato propósito e
                sobe a escada de incêndio até o telhado da faculdade.

                  Os telhados do campus são limpos, bem iluminados. Holofotes reluzem
                por todo o perímetro. As luzes da rua iluminam os caminhos. Bom para a
                segurança. Ruim para Matt.

                  Mesmo  assim,  ele  precisa  praticar.  Desde  aquela  noite  na  Cozinha  do
                Inferno, Matt não subiu muito aos telhados. Ele baixou a cabeça, esperando

                que  Stick  o  chamasse  novamente  para  treinar.  Para  gritar  com  ele.  Para
                puni-lo. Qualquer coisa. Ele obviamente ficou sabendo do que aconteceu.
                  Mas  houve  apenas…  silêncio.  Aquilo  acabou  com  os  dias  de  Matt,

                tingidos do desapontamento que, com certeza, seu mentor sentiu em relação
                a ele.

                  Agora não há nada que Matt possa fazer a respeito disso. Mas não se passa
                um dia sem que ele pense naquela garota, seu grito aterrorizado, o barulho

                doentio do corpo dela atingindo o chão. Mesmo agora ele balança a cabeça,
                tentando afastar a lembrança. Coloca a touca. Respira fundo o ar gelado e

                atravessa correndo o telhado.
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