Page 16 - REVISTA MULHERES - 22º EDIÇÃO - EXCLUSIVA
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causas que lutava, seja no movimento estudantil, movimento
de juventude ou partidários”, revelou.
Depois disso, Rochelle se engajou em movimentos da so-
ciedade civil como a Rede de Ação Política pela Sustentabi-
lidade (RAPS) e o RenovaBR, esse último, um grupo que se
apresenta como uma escola de formação política, que prepara
pessoas comuns de diversas origens e ideologias para renovar
a democracia brasileira. “Acredito que qualquer pessoa que se
proponha a estar na vida política tem que estar preocupada
com a sua formação”, disse. Luciano Huck está entre os mem-
bros do Conselho Consultivo do RenovaBR.
Para Luciene Fachinelli (PSL), a formação política se deu
na lide diária em seus 33 anos de atuação junto ao executi-
vo municipal e outros seis anos de experiência no legislativo.
“Experimentando e entendendo as pluralidades dos poderes e
da população”, explica. Apesar disso, reconhece a importância
da formação para vencer as barreiras e preconceitos. “Precisa-
mos buscar formações acadêmicas para o conhecimento que
garanta essa busca pelos direitos adquiridos, para que não haja
retrocesso no que já conquistamos ao longo de muitos anos
de luta”, contou. Porém, segundo ela, tão importante quanto a
formação é o despertar, a vontade de participar politicamente
do dia a dia da cidade.
Para estimular esse despertar, Luciene planeja desenvolver,
junto à TV Câmara, um projeto de estímulo à participação ci-
dadã. “As mulheres precisam se valorizar mais e não se subme-
Karin Vervuurt, socióloga, mestre em ciência política e ter a candidaturas laranjas, candidaturas fantasmas, pois mui-
cofundadora do #ElasNoPoder tos partidos políticos querem simplesmente preencher a quota
de gênero para viabilizar as chapas proporcionais”, disse.
Karin Vervuurt conta que, em 2019, o Elas no Poder for-
mou mais de 1.500 mulheres entre 2019 e 2020. Depois, com
a inauguração da plataforma Impulsa, a organização ajudou
mais de 30 mil campanhas em todo o Brasil, de candidatas
que acessaram os cursos e os conteúdos. “A gente conseguiu
ajudar a eleger 45 mulheres em 2020”, disse. “Tudo isso ajuda
bastante as mulheres a tomarem a decisão de se candidatarem
e fazerem campanhas melhores e mais competitivas”, explicou.
Rochelle reconhece que a participação de mulheres na po-
lítica pode, em alguns casos, não representar avanços e sim
retrocessos. Isso acontece, segundo ela, porque o aumento da
participação das mulheres na política tem suas contradições,
assim como a sociedade. “Por isso é importante votarmos e ter-
mos mulheres comprometidas com as causas femininas,” disse.
Na perspectiva de Karin, as mulheres conservadoras que
atuam na política representam uma parcela do eleitorado bra-
sileiro que é considerável, porque o Brasil é um país conser-
vador. “É claro que existem casos de mulheres, que se elegem
e depois acabam adotando pautas que atrapalham e represen-
tam um retrocesso, mas mesmo assim, é interessante que elas
estejam nesses espaços extremamente machistas e violentos
com as mulheres para que elas enxerguem essas coisas acon-
tecendo e reflitam sobre como a estrutura funciona e qual é o
papel delas ali dentro”, analisa. Na visão da socióloga e mestre
em ciência política pela Universidade de Brasília, é fundamen-
Letícia Medeiros
16 - Mulheres Ed. 22
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