Page 19 - REVISTA MULHERES - 22º EDIÇÃO - EXCLUSIVA
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Para Camila Guaritá, tolerância e compaixão são os maiores aprendizados nestes
               tempos de pandemia. Na foto com as pequenas Mariana e Gaya

                  Essa sobrecarga tem impactos também na saúde. De acordo com o Insti-
                tuto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
                (USP), publicada mês passado, as mulheres são as que mais sofreram durante
                a pandemia — foram entrevistados 3 mil voluntários. Dentre as participantes
                do sexo feminino, 40,5% apresentaram sintomas de depressão, 34,9%, de an-
                siedade e 37,3% de estresse.
                  A empresária uberabense Camila Guaritá é uma das milhares de mulheres
                que tem vivenciado essa jornada incansável de trabalho. Mãe de duas crianças,
                10 e 8 anos respectivamente, afirma que, principalmente as aulas remotas têm
                sido desafiadoras. “Há mais de um ano passando por isso percebi que, para tudo
                funcionar bem, a minha presença física e dedicação são essenciais. Entre brigas
                e gritos, elogios e abraços, vamos seguindo com um pouco de sofrimento para   Larissa Figueiredo aprendeu a  abrir mão
                todas as partes. O desafio é grande, mas o aprendizado é ainda maior. Tolerância   do perfeccionismo e da autocobrança
                                                                                   nesses tempos difíceis.
                e compaixão um pelo outro, isso a gente vem aprendendo muito”.
                  Para outras mulheres, em especial as inseridas nas áreas da saúde, o desafio
                aumenta. O home office, trabalho desenvolvido dentro de casa, já não é possível,
                intensificando ainda mais a carga horária dessas guerreiras. É o caso da dentista
                pediátrica Larissa Figueiredo. Ela se desdobra e desenvolve com maestria todas
                as suas funções de mãe, profissional e dona de casa. “A pandemia colocou uma
                lente de aumento no excesso de tarefas que desempenhamos. Além das já co-
                nhecidas, somam-se os cuidados com os filhos, que estão em tempo integral em
                casa e a habilidade de ensiná-los como se na escola estivessem. Pessoalmente,
                abri mão do perfeccionismo e de cobranças comigo e com as crianças. Tempos
                difíceis exigem mais leveza no convívio, especialmente dentro dos nossos lares”.
                  Por outro lado, a loucura do dia-a-dia para algumas mulheres, com a pan-
                demia, foi freada drasticamente. É o caso da médica nutróloga, Danielle Men-
                des. A pandemia auxiliou a diminuir seu ritmo de vida e dar uma atenção
                maior à casa, filhos e marido. Embora sempre tenha feito questão de pre-
                parar  lanche  da  escola,  ajudar  nas  tarefas  das  crianças,  cozinhar,  com  a
                pandemia  ela  conseguiu  desacelerar  ainda  mais,  e  passou  a  cuidar  mais
                dela e da família. “Não via mais sentido naquela vida corrida. Foi aí, que
                comecei a me cobrar menos e tive a oportunidade de reduzir minha carga
                horária de trabalho fora de casa. Sempre falo: - não precisamos ser mulhe-
                res maravilhas para sermos boas profissionais, boas esposas e boas mães. O
                que importa é viver o momento intensamente. Seja no trabalho ou em casa,
                mas cuidar da saúde mental, achar uma maneira de descansar, de divertir,
                procurar o autocuidado faz toda diferença para dar conta do recado”.
                     Diante deste cenário desafiador, a lição deixada por todas essas mulhe-
                res é que essa classe de frágil pouca semelhança possui e que, após tudo isso
                passar, possamos olhar para trás e nos orgulharmos da força e abnegação que   Danielle Mendes diminuiu seu ritmo de vida
                cada mulher desempenhou brava e incansavelmente.                   para dar mais atenção à casa e a família.


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