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UMA VISÃO HISTÓRICA DA ÁREA DO PROJETO



                           A pesquisa iconográfica, importante para complementar   documental reunido chega a aproximadamente três mil
                           as informações dos documentos escritos, posteriormente   exemplares. E foram consultados, aproximadamente,
                           se estendeu à Biblioteca Nacional e ao Arquivo Nacional,   sete mil documentos.
                           no Rio de Janeiro, entidades que dispõem de maior
                                                                           A metodologia empregada relacionou-se diretamente
                           documentação nessa área.
                                                                           às necessidades da pesquisa arqueológica, de modo
                           Num segundo momento, tentando responder a questões   que houve aprofundamento em certas questões
                           específicas da pesquisa arqueológica, foram consultadas   ou  hipóteses  históricas.  Alguns  temas  adquiriram
                           fontes que pudessem esclarecer detalhes da construção   prioridade por serem desconhecidos ou pelo grande
                           da malha urbana da cidade de Salvador: o Arquivo   interesse que despertaram na equipe, como a Capela de
                           e Biblioteca Pública do Estado da Bahia e o Arquivo e   Nossa Senhora de Guadalupe e o comércio de aterro na
                           Biblioteca Municipal Gregório de Mattos (Salvador/BA).   cidade de Salvador.
                           Também recorreu-se aos arquivos da Santa Casa de
                                                                           Para buscar entender o cotidiano das ruas do Pelourinho,
                           Misericórdia da Bahia e da Fundação Mario Leal Ferreira
                                                                           as atividades ali desenvolvidas e chegar a conhecer seus
                           (Salvador/BA), além das bibliotecas do Instituto Histórico
                                                                           moradores, optamos pela escolha de uma única rua –
                           e Geográfico da Bahia, do Estado da Bahia, do Museu de
                                                                           a do Tijolo, atual 28 de Setembro, pela diversidade de
                           Arte do Estado da Bahia, da Faculdade de Arquitetura
                                                                           atividades comerciais e artísticas em seus imóveis no
                           da Universidade Federal da Bahia e da Superintendência
                                                                           século XIX, que nos surpreendeu desde os primeiros
                           do Iphan na Bahia. O levantamento bibliográfico foi
                                                                           passos da pesquisa. Nela funcionou uma galeria de
                           extenso, assim como a coleta de dados, contemplando
                                                                           arte, uma tipografia, um consultório  odontológico,  a
                           não só a formação e constituição física de Salvador, mas
                                                                           sociedade abolicionista Dois de Julho, formada  por
                           também as transformações e permanências no decorrer
                                                                           alunos da Faculdade de Medicina, uma Sociedade de
                           de quase quatro séculos de história da cidade. O volume
                                                                           Belas Artes, uma fábrica de chocolate, algumas tavernas.
                                                                           Entre seus moradores, havia padres, funcionários
                                                                           públicos, militares, médicos, professores e escravos,
                                                                           inclusive vários malês envolvidos na Revolta dos Búzios
                                                                           ocorrida em 1835. Iniciamos a pesquisa tentando
                                                                           verificar se o nome da rua derivava da existência, no
                                                                           local, de fábricas de tijolos que abasteceriam a cidade
                                                                           em formação no período colonial. Porém, esse fato não
                                                                           foi comprovado, nem pelas escavações arqueológicas,
      Fragmento de faiança.
                                                                           nem pela pesquisa histórica.

                                                                           Decidimos investigar o cotidiano da rua durante
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                                                                           o período oitocentista (século XIX), por causa da





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