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fosso, que depois se entulhou, na altura da rua do Um momento importante da história de Salvador foi a
tijolo; a que abria para o sul, no vértice do triângulo invasão holandesa (1624-1625). A cidade sofreu terríveis
fortificado, correspondia ao que hoje são os fundos danos, tendo parte de seu tecido urbano destruído,
do theatro S. João e se denominou porta de S. Luzia, principalmente nos bairros de ocupação mais recente,
por causa de uma ermida que aí junto se edificou; a como o de São Bento e do Carmo. Em relação à construção
que ficava do lado da terra, olhando ao nascente, civil, que na época da invasão se encontrava em torno
era uma porta pequena, accessível da baixada de mil casas, não houve grandes estragos. Os principais
fronteira por meio de uma ladeira em degraus, prédios também se mantiveram intactos. Preocupando-
que ainda hoje se chama beco da Água de gasto; se em fortificar a cidade recém-tomada, os holandeses
a que abria para o lado do mar, na altura da rua promoveram algumas obras de represamento de rios,
atual do Pau da Bandeira, dava acesso ao caminho, como a do rio das Tripas, para a construção do que ficou
parte rampado, parte em degraus, que, do porto ou conhecido como o Dique dos Holandeses.
ribeira das naus, galgava a encosta do monte pelo
O desenvolvimento urbano da cidade de Salvador
melhor do seu íngreme terreno (grifo nosso).
ocorreu rapidamente, logo após sua fundação. No
Representação do
momento da invasão
holandesa. Observar
represamento
provocado pelos diques,
1625. Fonte: Urbs
Salvador, 1671, Arnoldus
Montanus, publicado
no Atlas “An Accurate
Description and Complete
History of America”, de
John Ogilby.
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ArqueologiA no Pelourinho