Page 113 - Reino Silencioso_O Mistério dos Corais Desaparecidos
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Capítulo 11 – Vozes do Fundo do Mar

           O sol já se escondera no horizonte, mas deixara no céu um rastro dourado
    que agora se dissolvia lentamente num manto de roxo profundo e azul-escuro. A
    brisa da noite, úmida e salgada, acariciava a costa silenciosa das Ilhas Boreais, e o
    som das ondas, mais grave e pausado, parecia carregar não apenas água, mas me-
    mórias.


           A praia, quase deserta, ressoava com murmúrios que vinham do mar — mur-
    múrios tão antigos quanto o próprio tempo, palavras sem voz, como se o oceano, em

    sua vastidão silenciosa, tentasse desesperadamente se fazer ouvir.

           Ali, de lanternas acesas e olhos atentos, estavam Lívia e Noah, mais dois ami-

    gos adolescentes que faziam parte do projeto, Theo e Miguel. Cada passo na areia
    parecia ecoar em um sussurro tenso. As luzes das lanternas dançavam entre dunas e
    pedras, projetando sombras compridas que se alongavam feito dedos invisíveis. A
    atmosfera era densa, quase sagrada. Sabiam que aquela noite não seria apenas mais
    uma jornada: seria um encontro.


           Lívia apertava a prancheta contra o peito, sentindo o coração bater em sin-
    tonia com o vai-e-vem das ondas. — Parece que o próprio mar está tentando falar
    conosco — murmurou, num fio de voz. Theo olhou para a imensidão escura, os olhos

    brilhando de inquietação. — Talvez esteja mesmo — respondeu. — Só precisamos
    aprender a escutar.


           Miguel, sempre mais prático, ajeitou o equipamento na mochila, mas até ele
    não conseguiu escapar da sensação de que algo muito maior do que eles mesmos se
    desenrolava ali, no silêncio da noite.
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