Page 44 - Reino Silencioso_O Mistério dos Corais Desaparecidos
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No lado esquerdo da página, surgiu o recife como ela sempre imaginara: re-
pleto de corais vivos, peixes-palhaço brincando entre as anêmonas, estrelas-do-mar
repousando nos fundos arenosos, e até um polvo curioso saindo de sua toca. Era um
mundo pulsante, vibrante, quase mágico.
Mas ao lado, com traços mais duros, ela desenhou o que vira naquele dia:
corais esbranquiçados e partidos, peixes ausentes, o vazio assombrando cada canto.
O contraste entre as duas imagens na mesma folha era cruel. Uma realidade dividida
ao meio.
Lívia ficou olhando aquele par de mundos, engolindo o nó na garganta. En-
tão, em silêncio, pegou o lápis azul-claro e, bem no centro da área destruída, dese-
nhou algo novo: um pequeno broto de coral surgindo da rachadura.
Não era grande, nem chamativo. Mas estava ali — crescendo apesar do dano,
apesar do abandono.
Lívia sorriu pela primeira vez naquele dia.
— Você também não desistiu... — sussurrou, como se falasse com o próprio
mar.