Page 41 - Reino Silencioso_O Mistério dos Corais Desaparecidos
P. 41

— É como se tivesse morrido por dentro — murmurou Noah, apontando com
    a luz da lanterna para o interior da rachadura no coral-cérebro.


















           Lívia se aproximou lentamente, seus olhos fixos no que antes fora uma colô-
    nia viva. O interior do coral parecia oco, apagado. Um mundo que um dia pulsou com
    vida e agora jazia ali, silencioso.


           Com movimentos suaves, ela estendeu a mão enluvada e puxou um pedaci-
    nho solto do coral. Sentiu a textura áspera e frágil entre os dedos, como se estivesse
    segurando um fragmento de história perdida. Mas havia algo mais...


           Entre as reentrâncias do coral rachado, escondido por entre as rachaduras,
    havia um caramujo marinho, minúsculo, translúcido, tão pálido que mal se distin-
    guia do fundo calcificado. Seus tentáculos tímidos se encolheram com a luz da lan-
    terna de Noah, buscando refúgio onde já não havia abrigo.


           Lívia prendeu a respiração. Aquele ser tão pequeno, tão invisível, ainda re-
    sistia. Mesmo ali, no coração do desastre.


           Segurou-o com delicadeza entre os dedos, observando cada detalhe, ele pa-
    recia feito de vidro. Por um instante, o tempo parou ao redor.
   36   37   38   39   40   41   42   43   44   45   46