Page 36 - Reino Silencioso_O Mistério dos Corais Desaparecidos
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Lívia absorveu cada palavra como se fossem sementes plantadas em seu co-
    ração. Sentiu um calor suave dentro do peito, como se aquela conversa tivesse ilumi-
    nado algo por dentro. Sorriu com doçura e um brilho novo no olhar.


           Naquele instante, entendeu que sua missão não era apenas registrar o silên-
    cio do mar, mas encontrar maneiras de trazê-lo de volta à vida. E que talvez, só tal-
    vez… fosse possível dar uma nova magia ao mundo — começando por escutar o que
    os oceanos ainda tentavam dizer.





           Antes de dormir, com a brisa noturna balançando suavemente a rede onde
    se deitava, Lívia abriu seu inseparável caderno de capa azul-marinho. As páginas es-
    tavam salpicadas de desenhos, anotações, mapas e pequenas folhas coladas com fita.
    Naquela noite, ela escreveu com calma, deixando as palavras fluírem como as marés:


           "Hoje eu ouvi o silêncio mais alto da minha vida. Um silêncio que não era
    vazio — era cheio de dor e de ausência. Mas, por trás dele, bem no fundo, havia

    algo  mais...  Uma  esperança  sussurrando  que  ainda  há  tempo.  Tempo  de  agir.
    Tempo de escutar. Tempo de cuidar."


           Fechou o caderno devagar, como quem guarda um segredo precioso.

           Ao lado de sua cama, repousava a concha que Noah lhe dera após o primeiro

    mergulho. Pegou-a nas mãos, com delicadeza, e a levou até o ouvido. Não esperava
    ouvir ondas ou canções antigas. Mas mesmo assim… escutou.


           Era como se o mar, através daquela concha, tivesse lhe confidenciado algo
    em voz baixa — um chamado suave, um pedido de ajuda, ou talvez… um convite.
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