Page 63 - Reino Silencioso_O Mistério dos Corais Desaparecidos
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— Porque mostramos ao mundo o que alguns jamais quiseram que fosse
    visto — respondeu ela, numa voz quase solene. — Existem interesses ocultos, forças
    que preferem os recifes mortos, silenciosos... esquecidos.


           As palavras pairaram pesadas no ar, como nuvens carregadas prestes a de-
    sabar. Lívia sentiu um arrepio subir pela espinha. Não era apenas o mistério que a
    inquietava, era a sensação incômoda de que Helena ainda não havia revelado tudo.
    Havia algo mais — algo que talvez mudasse tudo o que sabiam até ali.


           A senhora prateada fitou cada um deles em silêncio por um longo momento,
    como se ponderasse até onde poderia ir. Depois, recostou-se na cadeira, cruzando as
    mãos sobre o colo, como quem guarda dentro de si um segredo grande demais para

    ser dividido de uma só vez.

           E foi nesse instante que Lívia teve a certeza: Helena carregava uma história

    que poderia transformar não apenas a pesquisa — mas também seus próprios desti-
    nos.




           Mais tarde, quando a base já estava mergulhada na penumbra e o som das

    ondas parecia sussurrar segredos às paredes, Helena conduziu os três, Marta, Lívia
    e Noah, por um corredor estreito até uma sala reservada, trancada com uma chave
    antiga de bronze.


           O lugar tinha cheiro de papel envelhecido e sal do mar. Estantes de madeira
    guardavam pastas, rolos de filme, negativos e caixas com etiquetas escritas à mão.
    No centro da sala, uma grande mesa de tampo de vidro abrigava um mapa náutico
    desgastado pelo tempo.
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