Page 66 - Reino Silencioso_O Mistério dos Corais Desaparecidos
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Helena assentiu com um olhar cansado, mas firme.


           — Sim... mas não completamente. A vida é persistente. Ela luta para voltar.
    É por isso que estamos aqui. O mar não esquece. Ele guarda — e resiste.


           Ela passou a mão com carinho sobre uma foto desbotada de um recife ainda
    intacto, como quem acaricia uma lembrança.


           — Eu vejo em você o que vi em mim quando comecei — disse, voltando-se
    para Lívia. — A mesma paixão. O mesmo fogo nos olhos.


           Lívia ficou em silêncio por um momento, sentindo o peso daquela responsa-
    bilidade ancestral.


           Foi então que, como se guiada por um instinto invisível, ela se levantou e se
    aproximou da estante onde Helena havia guardado a caixa trancada. O tilintar me-
    tálico de antes ainda ecoava em sua mente.


           — Posso...? — perguntou, hesitante.


           Helena a observou, depois caminhou até a gaveta de onde tirara o mapa e
    retirou uma chave pequena, dourada e envelhecida.


           — Está na hora de você ver o que ninguém mais viu.


           Ela entregou a chave a Lívia com um gesto solene. Quando a tampa da caixa
    finalmente se abriu, um leve cheiro de sal e ferrugem escapou de dentro, junto com
    um estalo suave, como se o tempo tivesse expirado ali dentro.
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