Page 13 - Teatros de Lisboa
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Breve referência histórica ao início do Teatro em Lisboa


               contiguos tinham janellas sobre o pateo; que havia assignaturas de camarotes ; que o preço de cada camarote
               era de 320 réis ; e que já n'aquelle tempo havia grande numero de borlistas.


                     O Pateo da rua das  árcas ardeu a  10  de dezembro de  1697.  Foi  grande o  incêndio, que devastou
               diversos prédios, causando prejuizos de mais de um milhão. O Hospital, para não perder os lucros que o pateo
               lhe dava, reedificou-o em melhores condições, começando de novo a funccionar em 12 de abril de 1700. Tinha
               o novo pateo 20 forçuras (camarotes) no primeiro andar, seis camarotes e assentos geraes com cinco degraus
               em roda de todo o pateo no segundo andar, 21 camarotes no terceiro andar e outros 21 no quarto andar.

                     O local em que ficava este theatro era no sitio em que hoje está a rua Augusta, junto ao Rocio. Era ahi
               um largo com o nome  de praça da Palha, que deu depois o nome á  travessa  da Palha, hoje rua  dos
               Correeiros. Seguia até S. Nicolau com o nome de rua das Arcas. O theatro devia ficar, pouco mais ou menos,
               onde hoje está o segundo quarteirão da rua Augusta.Até 1703 esteve o theatro arrendado a Manuel Rodrigues
               da Costa, que  mandava vir as companhias por sua  conta.  Em 1704  deram-se alguns bailes e trabalhou a
               companhia de Domingos Laboana, que aqui morreu.

                     Desde 1710 até 1725 foi emprezario das companhias do Pateo das Arcas um tal José Ferrer. De 1726 a
               1729 esteve  uma companhia com  os notáveis  artistas Francisco de Castro  e José  Garcez. Estes  artistas
               tinham  percentagem  nos  lucros  e,  para  aquelle  tempo,  os  fabulosos  ordenados  de  90$000  e  45$000
               réis.Apesar d'isso, o theatro vinha em grande decadência, a ponto de ter o Hospital de acabar com a
               exploração por causa dos prejuizos.

                     Esteve o Pateo das Arcas fechado até 1735, em que foi arrendado por nove annos a Francisco Luiz
               Valente pela quantia annual de 40$000 réis! Assim mesmo o contracto não foi cumprido e, em 1740 fez-se
               novo arrendamento com  Luiz Trinité pela quantia de 600$000 réis annuaes.» in: “Diccionario  do Theatro
               Portuguez” de Sousa Bastos (1908).



                                       “Theatro Opera do Tejo” ou “Real Casa da Opera”


                     O “Theatro Opera do Tejo” , “Real Casa da Opera”  ou “Theatro dos Paços da Ribeira”, foi inaugurado
               em 31 de Março de 1755. Seria destruído pouco tempo depois, pelo terramoto de 1 de Novembro de 1755. No
               seu lugar seria, décadas mais tarde, construído o “Arsenal da Marinha”.























                     «Em 1753, por ordem do rei D. José, se construiu o grande theatro regio nos Paços da Ribeira, segundo
               planos de João Carvalho  Bebiena. Para o theatro dos Paços da Ribeira mandou o rei D. José escripturar
               famosos cantores: taes foram os celebres (castrati) Caffarelli, Gizziello, e Raaff, Manzuoli, Balbi, etc; o famoso
               sopranista Caffarelli que representou no Theatro dos paços da Ribeira, e depois em outros theatros, foi
               escripturado como cantor da real camara pela enorme somma de 72:000 francos ou mais de 12:000$000 réis
               annuaes, o que era verdadeiramente colossal para a epocha. Foi para estes cantores que o maestro David
               Perez, mandado vir por D. José, escreveu a sua opera Alessandro nelle Indie, que subiu á scena no theatro

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