Page 23 - Teatros de Lisboa
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Teatro da Rua dos Condes
Teatro da Rua dos Condes (1738/ 1766/ 1888)
O primitivo “Theatro da Rua dos Condes”, destruído pelo terramoto de 1755, foi edificado, segundo um
artigo do “Diário de Janeiro”, de 4 de Fevereiro de 1738, por iniciativa de um grupo de negociantes que
requisitaram ao Conde da Ericeira uma porção do seu terreno, constituída por «(…) parte de hum picadeiro e
do canto da rua para um Theatro de Ópera com 270 palmos de comprido e 110 por largo.»
Foi edificado no lugar onde fora a “Cadeia do Tronco” ou, presumivelmente, onde estivera situado um
dos "pateos" em que se representava comédias - o “Pateo da Horta dos Condes” (por pertencer aos Condes
da Ericeira, morgados da Anunciada) - entre 1765 e 1766, com traçado do arquitecto Petronio Mazzono.
O nome desta rua - Rua dos Condes - tem origem no facto de esta ter sido construída após o terramoto
de 1755, nos terrenos dos Condes da Ericeira que eram donos da maior parte desta zona e que se estende
até ao Largo da Anunciada. Este “Theatro da Rua dos Condes”, em 1782 passou à categoria de “Theatro
Nacional Normal”, tal era a sua importância no panorama artístico. A administração era comum ao “Theatro de
São Carlos”. A vida literária e teatral portuguesa passava forçosamente por ali. Lá se faziam representações
de teatro e ópera.
O “Theatro da Rua dos Condes”, «possuía 23 camarotes em cada ordem, dos quais cinco ao fundo e
nove de cada lado» e que «se desenvolvia em dois corpos paralelos e independentes, embora adossados. O
que se dá a conhecer é uma sala simples, comprida e estreita, traçado sem rigor ». in: revista “Occidente”
«Até 1792 eram os principaes theatros publicos de Lisboa, o do Salitre, do Bairro Alto e da rua dos
Condes; era n'este ultimo que mais frequentemente se davam operas; como todos podiam vêr ainda no anno
que escreviamos, semelhante theatro era um edificio verdadeiramente vergonhoso e mal cheirosos, no qual se
ouvia mal, via mal, e se estava encommodado, correndo-se o risco de se morrer assado ou esmagado, se a
fatalidade accendesse um fogo rapidamente se desenvolvesse, e que lamberia decerto o misero barracão em
pouco tempo.» in: livro de 1883, “O Real Theatro de S. Carlos", de Francisco da Fonseca Benevides.
O escritor Camilo Castelo Branco ao transcrever uma carta de um amigo, num dos livros de «Noites de
Insomnia: offerecidas a quem não pode dormir», apresentando-o como um teatro extremamente
desconfortável, em parte, pelas grandes variações de temperatura experienciadas em diferentes locais da sala
– «No meio da plateia arde em fogo (…) o desgraçado espectador que acha ali lugar; pelos lados da mesma
plateia vem um vento encanado pelos corredores, que atormenta todo o miserável que ocupa esses
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