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Teatro da Rua dos Condes


               aquelle sítio para um theatro popular? Que necessidade haverá em fazer a rua dos Condes muito larga, se é
               só destinada a dar serventia á estreita rua das Portas de Santo Antão?.» in revista “Occidente”
               Manuel José  de Araújo, antigo  actor, manteve  uma parceria com o escritor Francisco Jacobetty  que levou
               alguns êxitos a este espaço durante a sua curta existência.

                     O proprietário do  “Theatro Chalet”  acabou por  vender os terrenos do  velho “Theatro da  Rua  dos
               Condes”  a Francisco de  Almeida Grandella, o abastado comerciante e futuro proprietário dos  “Armazens
               Grandella & C.ª”. Após a demolição do barracão de madeira, deu-se início à construção do edifício do “Theatro
               Novo da Rua dos Condes”, cujas obras foram  financiadas por uma sociedade encabeçada por Francisco
               Grandella, projectadas pelo arquitecto Dias da Silva, e formada por «títulos de dez mil réis, com garantia de
               entrada por meios preços nos espectáculos, quatro vezes por mez, e amortizáveis cada anno, por sorteio».

                     «Neste mesmo local foi edificado, em 1888, um outro theatro, custeado por Francisco Grandella, que se
               vai especializando em operetas e no teatro de revista, sem que a chegada  do regime republicano  opere
               qualquer mudança significativa na sua orientação. Com Luz Júnior como empresário, passa, no início de 1915,
               a animatographo,  alternando a projecção de fitas com a apresentação de  espectáculos  de variedades.  Em
               1916, por iniciativa de Castello Lopes, assume-se definitivamente como o Cinema Condes»



































                     Relativamente à sala do “Theatro Novo da Rua dos Condes”, recordamos a descrição de Sousa Bastos:
               «platéa  é dividida em quatro classes: fauteuils, cadeiras, superior e geral. Junto ao palco há 3 pequeninas
               frizas de cada lado. Tem  duas ordens de camarotes com 21 em cada uma».  A decoração desta sala, que
               ostentava no tecto medalhões com retratos de grandes figuras do teatro português - como Garrett ou Emília
               das Neves  -  ficou a cargo dos cenógrafos Eduardo  Reis e Júlio Machado e foi muito criticada por Sousa
               Bastos que fez uma  apreciação extremamente negativa deste teatro, considerando  acanhado o seu  palco.
               Contudo, Gervásio Lobato, num tom mais otimista, escreveu: «(…) um theatrinho pequeno, mas muito fresco,
               muito elegante e muito aceado», com um interior que correspondia «(…)  perfeitamente ao seu aspecto
               exterior, que produz muito boa impressão e apesar de não ter luxo de architectura, tem uma apparencia
               sympathica e elegante (…)».

                     Contrariamente ao “velho” “Theatro da Rua  dos Condes”, a fachada principal do teatro ganhou nova
               orientação por questões de reorganização do espaço urbano, uma vez que a Avenida da Liberdade se tornara,
               entretanto, uma área de importância crescente no tecido urbano e social, pelo que a entrada lateral (a da Rua
               dos Condes) ficou desde então reservada apenas aos artistas e restantes funcionários do teatro. O público
               entrava agora por três grandes portas viradas para a Avenida da Liberdade, que se abriam para um vestíbulo
               através do qual se tinha acesso ao ”espaçoso salão-bufete”, que ocupava todo o piso térreo do teatro e cujo
               tecto fora executado pelo  pintor Augusto Gameiro, em estilo árabe. Este mesmo vestíbulo dava,  também,

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