Page 29 - Teatros de Lisboa
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Teatro do Salitre / Teatro das Variedades


                         Teatro do Salitre (1782) / Teatro das Variedades (1858)































                     O  "Theatro do Salitre", mais tarde  "Theatro das  Variedades",  foi inaugurado  na Rua do Salitre, em
               Lisboa, em 27 de Novembro de 1782. Era propriedade de João Gomes Varela, foi construído pelo arquitecto-
               decorador Simão Caetano Nunes, «que fora ponto no teatro do páteo do Conde de Soure e que nele montara
               lambem os scenários e maquinismos.». No espectáculo de inauguração tomou parte o «o famoso equilibrista
               Tersi que fazia prodígios,  assustando os  ingénuos com falsas  quedas  e outros truques de efeito naqueles
               tempos em que os títeres eram o enlevo das pessoas crescidas.»

                     Em 1781, João Gomes Varela pensou em aproveitar uma das duas propriedades que possuía no
               Salitre, para um centro de diversões. Se bem o pensou melhor o fez. Principiou por instalar um Jogo da Péla;
               afixou os seus habituais editais em letras vermelhas e conseguiu estabelecer uma certa frequência ao novo
               estabelecimento. Em 1784 já lhe tinha adicionado, casa da ópera, botequim, bilhar, jogo do Cachei (?).

                     Mais tarde, corridas de touros, para o que tinha construído uns palanques. Inauguraria, em 4 de Junho
               de 1790, um tauródromo a primeira praça de touros de Lisboa, a “Praça do Salitre”. Para tal o construtor ter-
               se-á limitado a copiar a praça que existia na Calle de Alcalá, em Madrd, reduzindo as dimensões.

                     «Pegado ao teatro existia o tauródromo, de forma rara porque atirava para o quadrado, construído entre
               1777  e 1780. Em 1790 é  inaugurado pelo  príncipe  D. João e  Pina  Manique,  uma nova Praça de Toiros, a
               primeira destinada ao público.  Espectáculo bárbaro  que humanistas deputados nas Cortes bem pensaram
               proibir; em vão, pois como Fernando Tomás confessa, até eles aos domingos lá estavam caídos a assistir às
               lides taurinas. Espectáculos sempre anunciados pelas ruas da capital com cortejo vistoso, tinham  entre as
               lides e os habituais combates entre toiros e cães de fila, os momentos cómicos em que pontificava o preto Pai
               Maranhão e as lutas entre balões aquecidos a gás.»

                     Em  1831, desapareceram  dali  as  touradas,  que  reapareceriam depois  na  “Praça do  Campo  de
               Sant’Anna”, inaugurada em 3 de Julho de 1831.

                     Segundo Gustavo Matos Sequeira o “Theatro do Salitre”, era um espaço apertado, feio, sem atractivos.
               Ao “Theatro do Salitre”, depois “Nacional e Real Theatro do Salitre” e finalmente "Theatro Nacional do Salitre",
               (antes de renomeado de  “Theatro das Variedades”), terá  valido  o seu variadíssimo reportório,  tendo
               conseguido atrair diversas camadas da população  lisboeta. Apresentou grande variedade de espectáculos:
               ópera,  tragédia,  drama,  comédia,  farsa,  mágica,  vaudeville,  variedades,  bailado,  música,  ginástica,
               equilibrismo,  malabarismo,  ventriloquia,  prestidigitação,  fantoches  e  até  feras  amestradas,  conseguindo,
               assim, atrair diversas camadas da população lisboeta.



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