Page 31 - Teatros de Lisboa
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Teatro do Salitre / Teatro das Variedades


                     «Nos fins do seculo XVIII representou se no theatro do Salitre uma farça intitulada Casa de café e bilhar.
               Era ornada com musica de Marcos Portugal. N’ella eram satyrisados, entre outros indivíduos, o José Pedro
               das Luminárias, então empregado no Nicola, o padre Lagosta (José Agostinho de Macedo), e o Pax- Vobis,
               um pobre diabo que, trajando casaca encarnada, vagueiava pelas ruas seguido da gaiatagem. N'esta farça
               visava-se o botequim do Nicola.»   in: “Lisboa d'Outros Tempos” (Tinop) 1899.

                     Entretanto nem tudo correu bem e …
                     «Em junho deste ano (1852) o Carreira «maneta», meteu-se a emprezário do Condes, de sociedade
               com  o  José  Vicente  do  Guarda-Roupa  do  Calhariz,  e  organizou  companhia  levando  do  Salitre  alguns
               elementos artísticos. Durou menos de um ano a nova empreza, pois tendo começado a 13 de junho de 1852
               veiu  a acabar a 13 de fevereiro  do  ano seguinte. O Salitre entra então na agonia. O público divorciara-se
               definitivamente do inestético teatro, onde parece que todas as noites se representava o drama suísso, tantos
               eram os «cães» que o infestavam.
               De 1853 a 1855 emudecem os cartazes e os anúncios. Era o princípio do fim.(...)
               Depois dos espanhóis, fechou o Salitre por uns dias. As estridentes exclamações castelhanas, sucederam os
               uivos e os rugidos de outros actores.
               A 24 de abril de 1857, a empreza apresentava ao público uma colecção de feras: !O Manes de Thalia!
               Com o rugido da última fera, foi-se o último alento do velho teatro do Salitre, mas, como a Fénix da lenda,
               renascia, pouco depois, em 1 de fevereiro de 1858, com o título de «Theatro de Variedades» levando à scena,
               todo pintado e retocado de novo, a célebre mágica A lotaria do Diabo, de Francisco Palha e do Oliveira.
               Os vistosos cartazes do Xavier meteram à força, pelos olhos do público, os atrativos da nova peça e da nova
               companhia;  e todos sabiam que  o ensaiador  era o elegante, mas sebento,  José Romano, originalíssimo
               sugeito que fora a Paris sem cinco réis, «pedibus calcantibus» pedindo pelas estradas como um mendigo; que
               o Isidoro, que na peça fazia o Abdalah era o director-gerente da sociedade; que os scenários e os faios eram
               novos em folha, e que a estrela era a provocante e telhuda Luísa Cândida, uma das Circes da scena que mais
               javardos fez com o filtro dos seus encantos pessoais.
               Da companhia faziam também parte a  Maria do Ceu, que  fora  bailarina em  São Carlos, a Ludovina e a
               Elisiária, duas bonitas raparigas, a Maria Emília e a Francisca. Dos actores, àlêm do Isidoro, contavam-se os
               seguintes : Rodrigues, Faria, Queiroz, Nunes, João Ferreira, Sousa, Guerreiro, Gonçalves e os dois estreantes
               Joaquim de Almeida e António Pedro, tendo este entrado para o teatro a ganhar uma moeda por mês.»    in:
               "Depois do Terramoto - subsidios para a história dos bairros ocidentais de Lisboa" - Vol II de Gustavo Matos
               Sequeira (1917).






























                     O “Theatro do Salitre”, antes e depois de transformado em “Theatro de Variedades” era maior que o
               “Theatro da Rua dos Condes”, mas ainda muito mais feio, um enorme corredor tortuoso e deselegante.

                     Em 17 de Agosto de 1864, tinham sido aprovadas, na reunião dos accionistas da «Sociedade» algumas
               alterações aos antigos estatutos sociais e parece que os interessados contavam que a próxima época os
               indemnizasse dos prejuízos sofridos e decorresse sem que as bocas do mundo teatral se apercebessem. Tal

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