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Teatro Nacional de S. Carlos


                                            Teatro Nacional de S. Carlos (1793)



































                     Construído nos finais do século XVIII em apenas seis meses, na zona do Chiado em Lisboa, o “Real
               Theatro de S. Carlos”, projectado pelo arquitecto José da Costa e Silva, foi inaugurado em 30 de Junho de
               1793 pela Rainha D. Maria I para substituir o teatro “Opera do Tejo”, que foi destruído no Terramoto de 1755.
               Na inauguração foi estreada a ópera “La Ballerina Amante” de Domenico Cimarosa.

                     «O Teatro de  S. Carlos era vulgarmente denominado, em 1793, Ópera do Theatro  Moderno e Nova
               Ópera. O Livro das Décimas de 1794 chamava-lhe Caza da Ópera de S. Carlos e o de 1802 Ópera Italiana.
               Nos seus princípios, os italianos davam-lhe o nome de Regio Teatro de S. Carlos, detto della Principessa, por
               que  o Intendente  Manique alvitrára que se denominasse Teatro  da  Princesa  do Brasil, com  o título de S.
               Carlos.
                     O vigamento-mestre do teatro foi feito com grossíssimas traves de madeira do Brasil. Sôbre o arco de
               proscénio, havia um grande relógio, coroado por um Cupido, que olhava para a plateia, e ladeado por duas
               figuras: o Tempo, empunhando a sua foiçe, e uma das Musas, tocando na sua lira.
                     Este relógio ainda existia em 1842 e foi posteriormente substituído por outro mais pequeno. A sala era
               iluminada a velas de cera da Rússia e os camarins a velas de cebo. Em 1851, ainda os camarins teatrais eram
               iluminados a velas de cebo e a azeite, e os tangões tinham luzes fixas de velas.
                     O empresário Lodi começou em 1794, por pagar a renda anual de S. Carlos a importância de 1.200$000
               réis, “segundo o Arbitrio  que  fizerão os  mestres”,  mas os  empresários Crescentini  e Caporalini pagavam
               2.000$000 réis anuais em 1799.» in “Lisboa de Outrora” de João Pinto de Carvalho (Tinop) - 1938.

                     Em 1755, a Coroa portuguesa fez inaugurar a faustosa sala “Ópera do Tejo’", um teatro de corte, anexo
               ao  antigo Paço da Ribeira, onde só se era admitido por convite.  Este teatro de ópera, que esteve  em
               actividade apenas alguns meses, foi destruído pelo terramoto de 1 de Novembro de 1755. Com a inauguração
               do “Real Teatro de S. Carlos”, deixou de ser representada ópera italiana no “Theatro da Rua dos Condes’ .

                     A construção do  “Teatro  Nacional de S. Carlos”,  decidida em 1792, num  contexto político de hostil
               posição às ideias iluministas, só se tornou possível justificando-se como fonte de receita para uma obra de
               caridade - a “Real Casa Pia de Lisboa”, fundada em 29 de Outubro de 1780 pelo intendente Pina Manique.

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