Page 24 - Teatros de Lisboa
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Teatro da Rua dos Condes
assentos». Os camarotes são apresentados como sendo «mesquinhos como tudo o mais», uma vez que o
Teatro não tinha foyer, pelo que «cada um fica exposto à porta da rua ou no aperto dos corredores, até que
chegue a carruagem que o há-de transportar»
O “Theatro da Rua dos Condes” fechou definitivamente as suas portas a 20 de Maio de 1882, após a
última representação da peça “Os Sinos de Corneville”, tendo sido demolido, ainda nesse ano, quando uma
comissão reunida com o objetivo de averiguar as condições de segurança nos teatros da capital o decretou
um perigo para o seu público.
Nos terrenos do velho “Theatro da Rua dos Condes” , viria a ser construído, em 1888, um novo teatro,
que ficou conhecido como o novo “Theatro da Rua dos Condes”. Entre a demolição de um e a construção do
outro, esteve em funcionamento, naquele mesmo lugar, entre 1883 e 1886, um pequeno teatro denominado
“Theatro Chalet”, comummente chamado “Chalet do Araújo”, nome retirado do seu proprietário: o actor Manoel
José de Araújo. Este teatro vinha da zona do Salitre, onde funcionara desde 1843.
Primitivo “Theatro da Rua dos Condes”
Todavia, os anos de atividade deste espaço estão envolvidos em alguma incerteza, uma vez que há
autores, como Luís Soares Carneiro, que apontam como possibilidade que a sua demolição tenha ocorrido
apenas em 1888. O “Theatro Chalet” foi caracterizado por vários autores, entre eles Gervásio Lobato, como
um «(…) reles barracão de madeira que, apesar de não ter grandes condições, deu ao seu proprietário lucros
consideráveis.»
«Havendo a camara municipal de Lisboa resolvido alargar a rua dos Condes, ficou decidida ao mesmo
tempo a destruição da casa de espectaculos que d'ella tirava o nome. (...).Hoje, no local em que existiu a
construcção durante quasi cento e cincoenta annos, está armado o barracão denominado Theatro Chalet, cujo
dono ainda explora o renome do velho colyseu, escrevendo as palavras Rua dos Condes em grandes letras
no seu cartaz. E o caso é que o publico lá acóde, em chusma, todas as noites. Porque se não há de aproveitar
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