Page 81 - Teatros de Lisboa
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Teatro Luiz de Camões
Teatro Luiz de Camões (1880)
O “Theatro Luiz de Camões” localizado na Calçada da Ajuda, em Lisboa, foi mandado construir por
João da Cunha Açúcar e inaugurado em 8 de Junho de 1880, durante as comemorações do tricentenário da
morte do poeta Luiz Vaz de Camões em 10 de Junho de 1580.
Este Teatro é remanescente de um edifício mandado construir pelo Rei D. João V, entre 1735 e 1737
como sendo a “Casa de Opera da Real Quinta de Belem”. Também conhecido como “Casa de Opera da
Ajuda”, “Real Theatro da Ajuda” ou “Opera Real de Belém”, entre outras designações, foi o primeiro Teatro
real de ópera «à italiana» construído em território português. Funcionou regularmente como Teatro do Rei até
ao adoecimento de João V em 1742.
O “Theatro Luiz de Camões” permaneceu fechado até a ascensão do Rei D. José I e continuou a ser
utilizado até ao reinado da Rainha D. Maria I, sendo fechado após a abertura do “Real Theatro de São Carlos”
em 30 de Junho de 1793. Passou por períodos de abandono e foi utilizado como Celeiro Real - celeiro de uso
do Palácio de Belém e de suas cavalariças situadas defronte junto ao Picadeiro Régio - até ser vendido na
década de 1870 a João da Cunha Açúcar, proprietário de uma drogaria na Rua da Junqueira, com a ideia de o
explorar como Teatro, tendo procedido a uma profunda reforma. Por esta altura, já ninguém mais tinha
recordação do Teatro que ali um dia existira, razão pela qual foi noticiada a inauguração de um novo Teatro,
o “Theatro Luiz de Camões”, em 8 de Junho de 1880, com a primeira récita “Camões e o Jau”, de Casimiro
d’Abreu, a ser exibida em 10 de Junho.
Depois de, em 1892, passar para a propriedade de Joaquim Maria Nunes, o “Theatro Luiz de Camões”
não teve grande sucesso como tal e, depois de um processo de herança, permaneceu fechado por alguns
anos. A este propósito já em 1908, no seu livro “Diccionario do Theatro Portuguez”, Sousa Bastos desabafava:
«Outras companhias ali tentaram dar espectáculos. O publico não concorre aos theatros de Belém e
Alcântara, por mais tentativas que se façam.»
Até que é 2 de Fevereiro de 1912, dia a partir do qual se instala o “Belém Club”, - fundado na Rua de
Belém em 1899 - uma Associação formada por dissidentes do antigo “Belém Recreio”. Em 1925 o imóvel já
era propriedade de D. Amélia Peyssonneau Nunes, viúva de Joaquim Maria Nunes.
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