Page 83 - Teatros de Lisboa
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Teatro Luiz de Camões
A sala principal, pela sua configuração, era o o que vulgarmente se designa por «um teatro à italiana».
Na plateia, restavam algumas das cadeiras primitivas de madeira. Os camarotes que rodeavam a sala, num
plano superior, estando assentes em colunas de madeira e, delimitados por um varandim em ferro forjado.
Em 1952 o edifício do “Teatro Luís de Camões” encontrava-se em muito mau estado de conservação
(designadamente no que respeitava à cobertura) e em 1954 o proprietário do imóvel, Justino Gonçalves,
depois de ignorar sucessivas intimações do Município lisboeta, para que realizasse as obras necessárias
(designadamente no palco), a Câmara Municipal de Lisboa torna-se proprietária do imóvel, via expropriação,
em virtude do não cumprimento das referidas intimações.
A este propósito, pode-se ler no blog “Cidadania LX” a seguinte carta dirigida ao Presidente da CML, em
1 de Julho de 2016:
«Exmo. Senhor Presidente
Dr. Fernando Medina
Cc. AML, DGPC, SRU Lx Ocidental, Arq. MGDias, JF e media.
Serve o presente para apresentarmos o nosso protesto veemente pela destruição quase integral do Teatro
Luiz de Camões/Belém Clube, teatrino histórico sito da Calçada da Ajuda, por iniciativa da empresa municipal
SRU-Lisboa Ocidental e ao abrigo de um so de reabilitação do espaço, do arq. Manuel Graça Dias, que afinal
se revelou um projecto de alterações profundas e de construção nova, apenas isso.
Assumimos, erradamente, que o intuito de tal projecto fosse a reabilitação de facto do edifício, que
necessitava, basicamente, de uma operação de restauro, e que o deixassem genuíno, eximindo-se os
intervenientes da tentação de nele exibirem "marca de autor", contemporânea, num edifício que dela não
necessitava. Acreditámos, infelizmente, na bondade de uma iniciativa apregoada pelos agentes envolvidos
como de valorização da zona. E acreditámos na resposta da SRU Lx Ocidental ao nosso pedido de
esclarecimentos de 2012. Puro engano, já que Lisboa ficou mais pobre.
Mais uma vez, os responsáveis pela destruição de património na cidade ficarão impunes.
Melhores cumprimentos»
Andamento das obras em Dezembro de 2017
A opinião e avaliação do Professor Doutor Arquitecto Paulo Roberto Masseran da Universidade
Estadual Paulista, de São Paulo, Brasil, especializado em arquitectura teatral luso-brasileira, e que gentilmente
partilhou comigo o essencial da sua investigação histórica acerca do “Teatro Luís de Camões”, vem reforçar a
ideia do texto anterior.
«Tomei conhecimento do início das obras de reforma do prédio, realizadas pela Câmara Municipal de
Lisboa, por meio de um blog e fiquei surpreso com o grau da intervenção impetrada ao histórico edifício. O
projeto arquitetônico desenvolvido age sobre um edifício do século XIX, erroneamente, pois trata-se,
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