Page 79 - Teatros de Lisboa
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Novo Teatro de Variedades / Teatro do Rato
Um ano depois, em 1881 o Marquês Francisco Palavicini, proprietário do terreno, moveu, uma execução
judicial contra o proprietário do Teatro, o Dr. José Maria Couceiro da Costa. Para pagamento dessa execução,
foi à praça três vezes, a última das quais em 23 de Março daquele ano com todos os seus pertences e
dependências. Fechado o Teatro em resultado do litígio judicial, reabriria em 22 de Setembro de 1881, já
como "Theatro do Rato", com uma Companhia dirigida por Salvador Marques, da qual faziam parte Adelina
Abranches e António Cardoso do "Theatro do Gymnasio".
Salvador Marques 23 de Setembro de 1881
O jornal "Diario de Noticias" informava, em 21 de Setembro de 1881:
«Reabre amanhã, quinta feira, o theatro do Rato, um theatro popular, de preços economicos e de boas
commodidades. A empreza tenciona apresentar um variado e escolhido repertório, começando pela peça de
inauguração, o Zé Povinho, escrita pelo sr. António de Menezes, e cheia de situações de magnifico effeito. Em
deguida representar-se-ha a Estrella do Norte, escrita pelos srs. Alcantara Chaves e pessoa, e a comedia-
drama em 3 actos A Riqueza do Trabalho, escrita pelo sr. Julio Rocha, offerecida á classe operaria. Os preços
da plateia são entre 300 réis os mais caros e 100 réis os mais baratos; os camarotes de 1ª ordem 1$500 e
1$200, e frizas 1$200 e 1$000 réis. O Theatro está publico de quinta feira em diante para quem o quizer vêr.»
Pouco tempo depois fechou o Teatro, de novo, e ora aberto ora fechado, - uma das vezes vítima de um
incêndio, em Setembro de 1888 - foi sempre arrastando uma vida difícil com raros meses de bons resultados
financeiros que lhe proporcionavam as revistas de Baptista Diniz, como "O Livro Proibido", e outras. «Este
theatro dava quasi sempre prejuízo por estar longe, por não ter commodidades e por ser edificado dentro
d'uma quinta e ao lado de uma casa de comidas e bebidas».
Até que em 1906, O “Theatro do Rato”, já propriedade do actor António Manuel dos Santos Junior, sofre
um incêndio que o destruíu por completo, «perdendo êste artista, no sinistro, tudo quanto possuía, scenário,
guarda-roupa, aderêcos e repertório. O que conseguira alcançar em cinco anos de trabalho lá ficou nos
escombros.» textos transcritos anteriormente, retirados do livro “Depois do Terremoto - Subsídios para a
história dos bairros ocidentais de Lisboa” de Gustavo de Matos Sequeira, Vol III de 1922.
O incêndio também destruiria uma barraca, chamada de "Bazar-Tourada", que era de um feirante
chamado Dias, e que estava instalada junto ao Teatro. Chegou a dizer-se que o fogo não fora acidental, tendo
mesmo sido preso o sogro do actor Santos Júnior, mas nada se provou. De referir que já anteriormente tinha
havido outro incêndio que danificara esta modesta casa de espectáculos.
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