Page 74 - Teatros de Lisboa
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Recreios Whittoyne


               Parente, com um custo total de 26 contos de réis. Seria inaugurado, em 27 de Maio de 1882, com um sarau
               «gymnastico-equestre» pelo "Real Gymnasio Club Portuguez", em benefício dos Albergues Nocturnos.

                     Nestas  novas  instalações,  actuaram além  de  companhias  de  ginástica,  acrobáticas  e  equestres,
               algumas de ópera, opereta e zarzuela. A propósito da sua inauguração, a revista "Occidente" comentava:
                     «O coliseu é um recinto vasto: a arena é mais pequena que a do antigo circo de Price, mas em geral o
               circo é muito maior e comporta muito mais espectadores. Tem quatro qualidades de logares: 560 cadeiras,
               logo em torno da arena; 200 fauteuils por detraz das cadeiras na disposição em que o circo de Price eram os
               camarotes,  2000 logares de geral, pelo  mesmo systema d'aquelle circo, e por cima da geral 62 camarotes
               n'uma ordem só.
                     Estes camarotes fazem mau effeito porque estão collocados a uma grande altura, mais altos que a 2ª
               ordem de S. Carlos e as divisorias convergindo todas para o centro da arena, tornando-os muito incommodos
               para os espectaculos que se derem no theatro.
               Em frente do palco, por cima da entrada principal do circo, ficam os camarotes reservados para el-rei D. Luiz e
               para el-rei D. Fernando, para o proprietario do terreno dos Recreios, a filhinha do falecido marquez de Castello
               Melhor, e para a direcção da sociedade exploradora dos Recreios Whittoyne composta hoje dos srs. José
               Miguel Marques Rego, Julio Cesar da Silva e José Carlos Gonçalves.
               A ornamentação do coliseu é pobre, mas da pior das pobrezas, d'aquella que finge rica e que no fim de contas
               sae carissima mais tarde.
                     Como circo o coliseu preenche as condições necessarias, mas como theatro deixa muito a desejar.
               Parece-nos que foi um erro, na nossa terra e no nosso tempo, ao construir uma grande casa de espectaculos,
               pensar mais em fazel-a um circo de que um theatro.















































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