Page 89 - Teatros de Lisboa
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Teatro Avenida
Teatro Avenida (1888)
O "Theatro da Avenida", localizado na Avenida da Liberdade, em Lisboa, foi inaugurado em 11 de
Fevereiro de 1888, com as comédias "De Herodes para Pilatos" e "Tio Torquato".
No seu livro “Diccionario do Theatro Portuguez”, de 1908, Sousa Bastos escrevia:
«Foi construída n'um terreno pertencente á esposa de João Salgado Dias. Este cavalheiro e o fallecido
Alexandre Mó, juntamente com Ernesto Desforges emittiram um certo capital em acções do valor de l0$000
réis, levantaram a credito outras quantias e levaram ao cabo a obra. Mais tarde o theatro foi hypothecado e, a
requerimento dos credores, vendido em hasta publica, e adquirido pelo credor hypothecario, Dr. Daniel
Tavares; hoje e propriedade de seu filho. Os accionistas e os mais credores perderam o seu dinheiro. A
primeira empreza era composta dos promotores da edificação, que em breve a passaram exclusivamente ao
sócio Ernesto Desforges.
Em Maio d'esse anno (1888) foi o theatro alugado ao emprezario Alves Rente, que para alli trouxe a
companhia do Príncipe Real, do Porto. Em seguida Sousa Bastos tomou o theatro por dois mezes para o
explorar durante a Exposição Industrial da Avenida. Seguiu-se um tal Drummond, que alli teve companhias
francezas, hespanholas e portuguezas. Teem explorado o theatro depois as emprezas de Cyriaco de Cardoso,
Edmundo Cordeiro, Cinira Polónio, Barata, Salvador Marques, Taveira, Pepa, Sousa Bastos, José Ricardo, D.
José Saraga e ultimamente Luiz Galhardo.»
Um almanaque de 1917 descrevia o “Theatro da Avenida” nos seguintes termos:
«De aparencia exterior e interior simples é tambem muito elegante a sala de espectaculos deste teatro
que muito em especial se dedica à exploração da opereta e da comédia musicada, sem esquecer em cada
época a apresentação de consagradas peças nacionais.»
Lembro que, um dos referidos fundadores do “Theatro da Avenida”, Alexandre Mó, um dos homens
mais respeitados da alta sociedade lisboeta, e responsável pelo aparecimento da empresa que explorava as
exibições do animatógrafo do “Coliseu dos Recreios”, e na sequência dum desentendimento com o seu sócio
Manuel Costa Veiga, fez com que se aventurasse sozinho e investisse numa nova sala exclusiva para sessões
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