Page 96 - Teatros de Lisboa
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Coliseu dos Recreios
A cavallariça é toda de ferro fechada em abobadilha á prova de fogo, e tem logar para cincoenta
cavallos, tendo tambem uma enfermaria.»
A “Sociedade de Geografia de Lisboa”, fundada em 1875 instalar-se-ia no edifício anexo ao “Coliseu
dos Recreios” dois anos depois, em 1892. Das várias missões e iniciativas efectuadas ao longo de um século
a Sociedade possui um museu colonial e etnográfico nas suas salas, onde se destacam também as Salas de
Portugal, obra em ferro da autoria de José Luís Monteiro, e a Sala de Lisboa, reservada à magnífica biblioteca
da instituição.
O “Coliseu dos Recreios” assumiu-se sempre como uma sala de espectáculos popular, estabelecendo
preços baixos e apresentando espectáculos de diversos tipos, entre os quais a ópera - poucos anos antes, em
1887, tinha aberto ao público o “Real Colyseu de Lisboa”, na Rua da Palma, no qual também funcionaram
companhias de ópera mas que teve uma vida muito mais efémera. O Coliseu evidenciou-se especialmente no
campo da ópera durante a Primeira República, constituindo então uma alternativa ao “Teatro Nacional de S.
Carlos”: em Dezembro de 1916 estreou-se uma companhia, organizada por Ercole Casali, da qual faziam
parte Elvira de Hidalgo e Tito Schipa, e a partir daí cantaram no Coliseu nomes como Alfredo Kraus, Antonietta
Stella, Carlo Bergonzi, Elena Suliotis, Fiorenza Cossotto, Joan Sutherland, Piero Cappuccilli, Tito Gobbi ou
Tomás Alcaide. Entre 1959 e 1981 os espectáculos líricos passaram a ser organizados em colaboração com o
S. Carlos, oferecendo a possibilidade de ouvir algumas das grandes vozes que vinham a Lisboa por preços
acessíveis.
Desde 1897, em conjunto com o “Real Colyseu de Lisboa” da Rua da Palma, e com os seus 2447
lugares, foi o principal dinamizador do cinema em Portugal nos primeiros tempos. Estreia a 4 de Fevereiro de
1899 “Chegada dum Combóio de Cascais”. Em 22 de Abril na inauguração do “Animatographo Excelsior”, do
“Coliseu dos Recreios”, estreia “A Procissão da Senhora da Saúde” pelo fotógrafo Coutinho e o electricista
Mathevon; manivelado no dia 18, regista «todo o préstito, desde o piquete de artilharia, abrindo o caminho, até
o cabido patriarcal e dião da Sé, com os seus acólitos». Em 1918, a companhia “Lusitânia Filme” tomou conta
desta sala fazendo do cinema a sua principal actividade, até ao encerramento da mesma.
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