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76 | Filosofia como Remédio para a Solidão

            proca, na tentativa de revelar o que a circunstância sig-
            nifica para ela mesma, em sua irredutibilidade, e como
            essa unidade de efetivas ramificações se liga a nossa
            vida.

                É somente nessa condição de compreensão do sig-
            nificado da circunstância, e de como ela se liga ao Eu,
            que se dá a experiência da ressignificação do ser hu-
            mano enquanto “sujeito da solidão”. Aqui, o conceito
            de ressignificação aponta para a construção de um “en-
            tre-lugar”, onde se dá o encontro inexorável do Eu com
            sua realidade circunstancial, e onde se torna possível o
            reconhecimento do auto pertencimento, matizado por
            uma convergência / divergência de olhares e desejos
            que restauram o relacionamento do querer, do agir e do
            decidir numa nova rede de significados.

                Este é o momento da transfiguração do sujeito de-
            caído,  abortado  por  uma  circunstância  implacável  e
            ininteligível. É na travessia desse deserto insólito que
            o Eu se desnuda de sua representação falseada do de-
            sejo do outro e se assume como referência autêntica de
            si mesmo. Este é o momento em que o sujeito olha e
            se enxerga e estabelece um pacto consigo mesmo: de
            hoje em diante viverei de acordo com as minhas pró-
            prias regras, jamais colocarei minha vida nas mãos de
            ninguém, pois ninguém tem as respostas que eu pre-
            ciso.  Reconheço  a  importância  do  outro,  mas  reco-
            nheço também que o outro é a medida simplória do
            peso da minha ingrata solidão.
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