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72 | Filosofia como Remédio para a Solidão

                Não  obstante,  a  cognição  tem  uma  abrangência
            maior  do  que  simplesmente  a  aquisição  de  conheci-
            mento, ela viabiliza uma melhor adaptação à realidade
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            pelo  mecanismo  de  conversão ,  que  atua  no  nosso
            modo interno de ser além de subsidiar o processo pelo
            qual o sujeito interage com seus semelhantes e com a
            realidade em que vive, sem descompensar sua identi-
            dade existencial.
                Essa abertura do sujeito para a aquisição de um
            conhecimento  intuitivo  o  conduz  ao  encontro  de  si
            mesmo, a vivenciar um acurado processo de auto reco-
            nhecimento através do qual consegue identificar o lu-
            gar em que, de fato, se encontra e em que tipo de pes-
            soa se tornou. Na verdade, o que ocorre é uma clarifi-
            cação para si  mesmo de toda a circunstância  envol-
            vente (consciência da realidade  circunstancial). Essa
            “tomada de consciência de” abre, para o sujeito, o ca-
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            minho  do redimensionamento  do  Self   na  busca  da
            ressignificação da vivência traumática do Eu, lançado
            no abandono, no sofrimento e na solidão. É aqui que

            16  . O termo “conversão” foi utilizado por Freud para designar um me-
            canismo de defesa através do qual um conteúdo mental é convertido
            em fenômenos orgânicos, especialmente motores (tremores, paralisias,
            distúrbios da marcha, da deglutição) ou sensitivos (dores, distúrbios da
            visão, da audição, anestesias e parestesias). Como sintoma psicológico,
            a “conversão” é a representação de um conflito inconsciente que se ma-
            nifesta através da linguagem corporal e que funciona como tentativa de
            solução de um conflito, que se origina de um impulso reprimido e pela
            sua interdição.
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              . Uma imagem arquetípica do potencial mais pleno do homem e a
            unidade da personalidade como um todo. O self, como um princípio uni-
            ficador dentro da psique humana, ocupa a posição central de autori-
            dade com relação à vida psicológica e, portanto, do destino do indiví-
            duo.  http://www.rubedo.psc.br/dicjung/verbetes/self.htm.  Consulta
            em 2009.
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