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68 | Filosofia como Remédio para a Solidão
circunstância, sem a sua realidade, que o circunda. As-
sim, se não consigo salvar a minha circunstância, não
poderei salvar a mim mesmo. Por isso, é preciso com-
preender a circunstância, perscrutar-lhe o sentido em
sua mais profunda intimidade, a fim de revelar sua in-
teligibilidade e com máxima intensidade investigar so-
bre o ser do homem.
Neste caso, a reflexão filosófica sobre a condição
da existência não acontece a partir do próprio Eu, en-
simesmado em sua dimensão subjetiva e psicológica.
Pelo contrário, é a partir da realidade circunstancial
que o circunda que para o sujeito surge a possibilidade
de compreender a impossibilidade de agir, de transpor
a impossibilidade reducionista que o condena a viven-
ciar uma experiência de sofrimento, de abandono e de
solidão.
É a partir da compreensão da realidade circunstan-
cial que começa para o sujeito da solidão o movimento
de ressignificação da experiência afetivo-emocional
em que se encontra mergulhado. Para isto, é preciso
que o sujeito se permita à possibilidade de aquisição
de um conhecimento novo através de um processo cog-
nitivo-perceptivo.
Derivada da palavra latina cognitione, que signi-
fica a aquisição de uma gnose (conhecimento intui-
tivo) perceptiva, a cognição pode ser definida como o
conjunto dos processos mentais que utiliza o pensa-
mento e a percepção para classificar, reconhecer e
compreender os raciocínios e aprendizagem de deter-
minados sistemas e soluções de problemas. Em sentido