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64 | Filosofia como Remédio para a Solidão
própria pessoa e da qualidade do amor que nela pode
ser investido.
Nesses termos, a questão da essência é uma di-
mensão transcendental da existência humana, que não
se consegue alcançar pela improvisação nem tam-
pouco pela experiência emocional dos sentidos.
Porém, o problema da vida humana não é o da di-
mensão da essência; mas, sim o da existência. Para a
filosofia existencialista contemporânea a existência
precede e governa a essência. Isto porque à medida que
experimentamos novas vivências no transcorrer de
nossa existência, redefinimos também a nossa essên-
cia.
Em oposição às filosofias chamadas “essencialis-
tas”, as filosofias existencialistas pressupõem que a
existência precede a essência, tanto em relação ao ser
ou à realidade (ontologia) quanto em relação ao conhe-
cimento (epistemologia). A afirmação do primado da
existência sobre a essência da existência humana im-
plica uma série de consequências importantes: o pri-
mado da liberdade, subjetividade, objetividade, dua-
lismo, voluntarismo, personalismo e antropologismo.
No fundo, o existencialismo é, fundamentalmente,
uma antropologia, uma reflexão filosófica sobre o ser
do homem enquanto existente.
É no contexto de uma perspectiva antropológica
que o ser do homem enquanto existente se depara com
a questão da finitude, da contingência, da fragilidade
da própria existência, da alienação, da solidão, da co-
municação, do tédio, do nada, da angústia e do deses-
pero, da preocupação com o projeto do viver, do enga-
jamento e do risco de assumir as suas próprias decisões
e ações.