Page 65 - LIVRO - FILOSOFIA COMO REMÉDIO PARA A SOLIDÃO - PUBLICAR
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Djason B. Della Cunha | 65
Para o existencialismo, a angústia e o desespero
perdem a sua característica de pathos, de morbidade e
de doença, tal como avalia a psicopatologia, para se
tornarem categorias ontológicas capazes de possibili-
tar o acesso à essência do ser e da própria condição
humana.
De modo que a existência – do latim ex-sistere (es-
tar aí, fora das causas) é aquilo que se acha na coisa, in
re. É o fato de ser o próprio ser, isto é, a forma de como
a essência se apresenta. Assim, do mesmo modo como
se pergunta: “o que é o ser?”, pode perguntar-se tam-
bém: “qual o ser da existência?”, isto é, “em que con-
siste a existência?”
De acordo com Moraes: “Existir é verbo formado
da expressão latina ex-sistere, que, em tradução mais
livre, pode ser entendida como: pôr-se para fora (de si),
exprimir-se, significar. Ora, pomo-nos para fora em di-
reção a outrem que recebe nossa expressão e acolhe
nossas significações; e obviamente esse outrem extro-
verte-se, por sua vez, reage a nós e age sobre nós, sig-
nifica e comunica-se. É, portanto, a existência essa
troca de mensagens e comunhão de vidas, sendo – mais
profundamente – a experiência de se vivenciar tudo
isto. Eis a razão pela qual há árvores, pedras, mares e
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nuvens, sem que nenhuma destas coisas exista” .
Ora, este modo de colocar o problema altera con-
sideravelmente a possibilidade pela qual se pode al-
cançar a essência de cada um de nós. De fato, a vida
existe, mas não pode ser vivida. Está toda ela pautada
na indiferença. Isso significa dizer que as árvores, as
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. MORAIS, Regis. Stress Existencial e o Sentido da Vida. São Paulo, Loy-
ola, 1997, p. 18.