Page 21 - Revista Patrimônio
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perdas e torturas por que passou com a entrada das
forças legais e dos revoltosos. Importantes casas
comerciais ficaram completamente destruídas, existindo
apenas hoje, os seus vastos armazéns vazios, com a
carcaça das armações deterioradas por incríveis
danificações. Contaram-me fatos horrorosos, cenas
canibais, que por patriotismo não menciono”.
Comenta a ausência de teatros, mercados, esgoto
e água canalizada. “A população é abastecida pela água
conduzida em pipas de duas fontes: do Emiliano e do
Manoel da Costa, pagando-se por barril 60 réis”. Em
relação aos habitantes que “flutuavam” em torno das
ruas, descreve a população masculina como sendo
“dividida em três categorias: operários e comerciantes
pescadores e vagabundos. Estes últimos são
compostos de indivíduos casados ou amasiados, cujas
mulheres ou amantes trabalham na fábrica, enquanto
eles vivem a “flanar” pelas ruas e aglomeram-se nas
vendas a provocar distúrbios, que são frequentes”.
Ainda traumatizados pelos atos de vandalismo que
varreu a cidade pelos revoltosos, e em seguida pelas
forças legalistas que justificaram sua violência
acreditando que com aqueles, teriam sido coniventes;
seus habitantes estavam naquele momento entregues a
própria sorte, tornando-se uma cidade segregada.
Mostrando-se intolerante com esse estado de declínio
emocional e econômico, Moreira Pinto registra: “em
geral, pode-se dizer que a população não só da cidade
como do município, é excessivamente indolente”.
A MATRIZ
Surpreso com a Igreja Matriz, a define como “alta e
de bonito aspecto, é um templo grande limpo e
decente”, entretanto, ao tecer detalhes, diz que “sua
fachada não obedece a ordem alguma de arquitetura,
tem três janelas e a porta de entrada. A direita fica-lhe a
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