Page 37 - Cinemas de Lisboa
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surprezo dizendo:
- Ó Chagas, parece impossível. Isso não se faz.»
A propósito a revista “Brasil-Portugal” , em 20 de Dezembro, escrevia a propósito do evento:
«O grande sucesso theatral da quinzena foi a inauguração d'este theatro, nas Portas de Santo Antão,
cuja exploração está a cargo do intelligente emprezario Luiz Pereira. (...)A peça de estreia é uma
operetta alemã de originalissimo enredo e musica encantadora, tendo o desempenho causado
verdadeira sensação, o qual estava a cargo de Cremilda de Oliveira, Elsy Rubini, António Gomes, Grijó,
etc, etc. Os coros afinados e a orchestra dirigida por Luiz Gomes, cuja reputação está feita. Brevemente
a operetta Toreador.»
De salientar, não apenas a pintura do tecto, uma agradável composição alegórica às artes, Música,
Dança e e Teatro, datada de 1913 e a enorme tela que constitui o pano de boca ainda hoje existente
neste Teatro da autoria de Veloso Salgado. Também de referir que este teatro estava ligado pelas
traseiras ao Salão “Olympia” inaugurado em 22 de Abril de 1911.
O edifício que incorpora o “Teatro Politeama” é constituído por 5 pisos. Por se tratar de uma sala de
espectáculos, a sua constituição arquitectónica tem algumas particularidades que importam salientar. O
edifício pode ser dividido em duas áreas: uma destinada à recepção de público e outra para uso dos
artistas. Em termos gerais, a área de acesso ao público abrange a zona da sala de espectáculos -
lugares da plateia, tribuna e balcão - assim como o foyer do Teatro que se estende por 3 pisos (piso 1 ao
piso 3), ao passo de que a zona dos artistas engloba toda uma área dedicada a camarins, gabinetes e
demais salas de produção e ensaios.
A partir de 1914, ano em que o “Teatro Politeama” começou com a exibição de filmes, a programação
cinematográfica do “Olympia”, a partir de então, ficou quase sempre ligada ao mesmo. Começando a
exibir filmes, o “Teatro Politeama” passou, deste modo, de Teatro a Cine-Teatro. Tinha 817 lugares.
Estreou filmes históricos como “Casablanca”, em plena II Grande Guerra Mundial.
Muitas festas de homenagem a várias personalidades do espectáculo que aqui tiveram lugar, desde
Ângela Pinto a Dário Nicodemi, de Guilhermina Suggia a Nascimento Fernandes e, recentemente, a
Armando Cortez, Luzia Maria Martins, a encenadora que aqui se estreou como actriz em 1932 na
companhia de revista de Linda Demoel, a Igrejas Caeiro e Maria Helena Matos, que neste palco
representou durante mais de um ano, com sua mãe, Maria Matos, a célebre comédia "O Domador de
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