Page 39 - Cinemas de Lisboa
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Salão Lisboa (1915-1971)









































                  O “Salão Lisboa”, conhecido como «cinema piolho», foi inaugurado em 20 de Novembro de 1915. Foi
                  construído num terreno na Rua da Mouraria, entre as Escadinhas da Saúde, o Antigo Beco do Cascalho
                  e a Rua das Fontainhas a São Lourenço.  Este edifício  modesto pertencia  à  "Empreza do Salão de
                  Lisboa, Lda.",  de Henrique O’Donnell (funcionário da Companhia dos Tabacos) e Victor Cunha Rosa
                  (empresário da exploração cinematográfica), os mesmos que em 22 de Abril de 1911, tinham inaugurado
                  o Salão “Olympia” na Rua dos Condes.

                  De cariz popular, servindo uma zona tão característica como aquela onde se situava, este cinema abriu
                  as suas portas, com sessões às quintas-feiras, sábados e domingos. O seu  interior compunha-se de
                  plateia e balcão e tinha a capacidade para acomodar 510 espectadores.


                  O público era essencialmente jovem, o que fazia com que os filmes de acção fossem o essencial da sua
                  programação. Em finais de 1928, iniciaram-se as obras de reparação e embelezamento, como forma de
                  corresponder  às exigências do público e ao aparecimento de novas salas.  A  “Inspecção Geral dos
                  Espectáculos”  autorizou  essas obras, mas determinou a inversão das características da sala,
                  nomeadamente com a  mudança da cabine  de projecção que ficaria situada no lado oposto à saída
                  principal que dava para a Rua da Mouraria, como também foram suprimidas as colunas que suportavam
                  o piso do balcão, o que originou a construção de instalações sanitárias nesse mesmo balcão.

                  O “Salão Cosmopolita” abrira as suas portas, na Rua da Mouraria, no mês seguinte a 30 de Dezembro
                  de 1915.

                  Em 1932, a empresa proprietária do “Salão Lisboa” decide promover novas modificações, principalmente
                  na fachada.  Sob o projecto do arquitecto António José Pedroso, este edifício  adoptou  a fachada que
                  mantém até hoje. De modo a valorizar o imóvel, os donos resolveram substituir a cobertura de madeira
                  existente desde o inicio por uma estrutura de ferro, coberto de chapas de fibrocimento.


                  Nesta ano a revista “Cinéfilo” escrevia acerca do “Salão Lisboa” :
                  «O «Salão Lisboa», o popular cinema da Rua da Mouraria, reputado, e com razão, um dos mais típicos e
                  curiosos da capital, constitui a alegria das classes pobres do referido bairro.





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