Page 46 - Cinemas de Lisboa
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Aproveitando o  esqueleto da  “Garage  Beauvalet”,  o proprietário, o  2º Conde de  Sucena Dr. José
                  Rodrigues de Sucena, pede ao empresário de teatro Luiz Galhardo encomende ao cenógrafo Augusto
                  Pina planos para a construção de um Teatro mais amplo do que o improvisado “Variedades”.
                  Esse Teatro, inaugurado no dia 25 de Setembro de 1914, com a opereta “O Burro do Sr. Alcaide” de
                  Gervásio Lobato, é o primeiro Eden, com o nome "Eden Teatro".

                  O nome Eden não era inédito na época, conforme salienta o jornal "A Capital" de 15 de Fevereiro de
                  1918. De facto, um pouco mais abaixo, nos Restauradores, onde hoje encontramos o “Avenida Palace
                  Hotel”, existia o "Eden Concerto" (fundado em 1899). Outra sala de espectáculos, com um nome similar
                  foi o "Éden Cinema" inaugurado em 1921 que, situado em Alcântara, na Rua do Alvito, sobreviveu até
                  1975.

                  O novo “Eden Teatro” foi inaugurado no dia 1 de Abril de 1937, com a peça “Bocage”, interpretada por
                  Estevão Amarante, numa  cerimónia  memorável  presidida pelo Chefe de Estado  General  Óscar
                  Carmona.









































                  Esta última versão, aprovada pela Câmara Municipal de Lisboa em 1933, foi assinado pelo arquitecto
                  Carlos  Dias,  apesar  de  o  projecto  inicial  ter sido do  arquitecto  Cassiano  Branco,  que  devido a
                  desentendimentos com o proprietário, 2º Conde de Sucena, o impediram de ser aprovado. Apesar de
                  sempre ter sido atribuída a autoria do projecto a Cassiano Branco, este nunca a reivindicou como sendo
                  sua.Tinha capacidade para 1.440 espectadores.
                  Como é referido na 26ª publicação da revista Arquivo Nacional: "Quis o conde de Sucena que o Éden se
                  inaugurasse com peça Portuguesa,(...),e fez muito bem, porque, mais uma vez, demonstrou o seu amor
                  à arte Nacional, como ao instalar bem o povo, no seu teatro(...)".

                  Após a inauguração, o novo “Eden”  apresentaria apenas  mais duas revistas. Depois converteu-se
                  definitivamente em sala de cinema sem o prestígio burguês do S. Luís ou do Tivoli (e depois do S. Jorge
                  e do Monumental) mas com o mérito, ao longo de 50 anos de existência, de ser, no coração nobre de
                  Lisboa, uma sala de grande cariz popular. Durante a Segunda Guerra Mundial, o Eden foi o cinema mais
                  concorrido de Lisboa.








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