Page 97 - Cinemas de Lisboa
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Cinema-Teatro Monumental (1951-1983)







































                  A elaboração do  projecto  para o maior conjunto de  cinema-teatro existente em Lisboa, partiu  de um
                  Despacho do Ministro da  Educação Nacional de 24  de Março de 1943, onde  se podia ler: "(...) podia
                  considerar-se o eventual funcionamento de uma Casa de Espactáculos como ainda não há em Lisboa,
                  com um conjunto de instalações adequadas á realização ou exibição simultânea de várias formas de
                  actividade artística ou cultural (...)  uma casa com salas  independentes  para teatro  de  declamação ou
                  música ligeira, concertos e cinema, dotada das dependências correspondentes.”

                  Com base nesta sugestão do Ministro Mário de Figueiredo, o arquitecto Raúl Rodrigues Lima - que já
                  tinha assinado o projecto do “Cinema Cinearte”, inaugurado em Fevereiro de 1940 - elabora o projecto
                  do Monumental, cinema e teatro, onde, num único edifício existe um teatro para 1182 espectadores, um
                  cinema para 2170, um café-restaurante e uma sala para exposições artísticas.

                  O “Cinema-Teatro Monumental”, localizado na Praça Duque de Saldanha em Lisboa, e propriedade do
                  major Horácio Pimentel, viria a ser inaugurado no dia 8 de Novembro de 1951, «único no seu género em
                  todo o mundo» segundo alguns jornais da época, que acrescentavam: «um luxuoso edifício que, desde
                  as linhas arquitectónicas do exterior à luxuosa comodidade dos seus interiores, oferece o tom moderno e
                  de bom gosto da casa de espectáculos digna de figurar entres as melhores da Europa».

                  A entrada principal do edifício, comum à salas de Cinema e de Teatro, fazia-se pelo grande vestíbulo
                  principal semi-exterior que, comunicando directamente com a Praça Duque de Saldanha  por meio  de
                  uma arcaria de volta perfeita, funcionava quase como um prolongamento desta. A sala de Teatro, com
                  eixo central paralelo à Av. Praia da Vitória, possuía dimensões mais reduzidas de modo a aproximar os
                  espectadores do palco.  Deste modo, e por forma a rentabilizar melhor o espaço interno,  o arquitecto
                  Rodrigues Lima introduziu três balcões que se prolongam lateralmente  até  ao palco  e ainda dois
                  camarotes “avant-scène” ricamente decorados.

                  A sala de cinema, com eixo central paralelo à Av. Fontes Pereira de Melo, possuía grandes dimensões
                  permitidas pelo grande ecrã existente e pelos altifalantes que permitiam regular o som de acordo com as
                  dimensões da sala. Comportando  dois balcões, esta sala constituía  a  «referência  mais imensa do
                  espaço-cinema em Portugal : a sala cheia parecia uma cidade!» .







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