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Vidas de Rio e de Mar: Pesca, Desenvolvimentismo e Ambientalização
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cívico , mas também dos ditos veículos de massa, visto que estes atuam
como comunicadores essenciais de fatos e eventos remotos ou locais,
bem como construtores de processos de informações desempenhados
por reportagens, informativos, editoriais, etc. Porém a construção midiá-
tica de fatos e eventos relacionados à temática ambiental peca na com-
preensão dessa dinâmica e, consequentemente, promove o afastamento
das nuanças e contextos múltiplos da disputa. Há de se considerar que
esse afastamento não acontece por mera ingenuidade da esfera da mídia;
na verdade, grandes veículos de comunicação geralmente são capitanea-
dos pelo mesmo paradigma desenvolvimentista presente na relação entre
meio ambiente e desenvolvimento. Esse é necessariamente o primeiro
fator do afastamento previamente enunciado: a pauta ambiental goza de
quase nenhuma autonomia na grande mídia, uma vez que as discussões
ambientais estão sempre atreladas a outras questões, em maior parte
de ordem econômica. John Hannigan (2009) sustenta essa afirmação ao
analisar notícias de eventos ambientais relacionadas majoritariamente
ao caderno econômico no jornalismo americano. No presente artigo, não
será analisado somente o caderno de economia; na verdade, a análise não
parte das divisões dispostas pelas estruturas do jornal e sim de notícias
com temáticas relacionadas à Barra do Riacho e ao Portocel, e de como
naturalmente essa temática é distribuída em grande parte apenas no ca-
derno de economia pelos grandes veículos de comunicação.
Figura 1: Manchete do jornal A Tribuna.
Fonte: A Tribuna, julho de 2013.
1 Segundo Beatriz Dorneles (2008), o jornalismo cívico se trata do jornalismo construído
pela comunidade local, geralmente sem o financiamento de uma grande corporação e apre-
sentando informações e posicionamentos importantes para a comunidade ali fixada.
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