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Capítulo 4
o Ponto Antes do Porto: A Mídia
capixaba e a expansão do Portocel na
Barra do Riacho
Bernardo Furlaneto Bragato Oakes de Oliveira
INTRODUçãO
Inegavelmente, a mídia desempenha o fundamental papel de comuni-
cadora social e contribui para a formação de múltiplos discursos que per-
meiam a sociedade. No entanto, a própria comunicação midiática é rechea-
da de costumes e técnicas que impactam de modo diverso a informação e
a absorção do fato pela sociedade. No presente artigo, parto da análise da
notificação da mídia popular, representada majoritariamente pelo jornal A
Gazeta do Espírito Santo, no que tange à expansão do Portocel, único porto
especializado no embarque de celulose do mundo e destaque mundial em
eficiência, localizado no município de Aracruz (ES). O objetivo deste artigo
é avaliar de que modo esse veículo de comunicação reporta à sociedade
informações sobre a instalação desse empreendimento, que será chamado
de Portocel II. Especificamente, interessa-nos saber quais modelos discur-
sivos e elementos simbólicos são agenciados nessa comunicação, conside-
rando que há a preponderância de um paradigma desenvolvimentista en-
raizado no jornalismo de massa, o qual pouco problematiza os potenciais
danos ambientais que possam ser resultantes de tais projetos. Cabe ressal-
tar, aqui, que o porto em questão será instalado na localidade de Barra do
Riacho, antiga vila de pescadores artesanais, o que complexifica ainda mais
a questão dos danos ambientais e prejuízos à atividade pesqueira.
A RELAçãO MíDIA E MEIO AMBIENTE
Para garantir visibilidade e inclusão da questão ambiental na agenda
pública, é crucial a cobertura midiática de eventos e processos relacio-
nados. Não se trata apenas da cobertura das mídias centradas ou próxi-
mas da temática ambiental, como o jornalismo ambiental e o jornalismo
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