Page 3 - Revista - Rio e Mar
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Aos que vivem próximos às águas, mudanças socioambientais, em sua maioria negativas e
gente de rios e mar. desiguais, promovidas pelos grandes empreendimentos
e pela criação de áreas naturais protegidas.
“Mas agora, a pescaria tá muito fraca, acabou muitos pescado-
Durante esse período, convivemos, conversamos, entre-
res, né? E o rio secou, que não era um rio assim, era um rio lin-
vistamos, participamos de ações, interagimos com uma
do que nós tínhamos aqui! No mês de abril até o mês de agosto
ninguém pescava quase no mar, só pescando robalo neste rio gama variada de pessoas: pescadores e pescadoras, lide-
[referência ao Rio Riacho].” (Seu Zuzu, pescador, 89 anos. Bar- ranças formais (presidentes de associações comunitárias
ra do Riacho, julho de 2017). e de pescadores), ativistas ambientais, pequenos agricul-
tores, ribeirinhos, comerciantes, comunicadores sociais,
“Deus me livre, é muita tristeza, dá uma tristeza, uma angus- pesquisadores, técnicos ambientais, surfi stas, artistas,
tia, cê acostumado a todo dia levantar e ir na praia, né, a água
pessoas desempregadas, profi ssionais das áreas de assis-
limpinha, demora cê acorda, vai lá, tá lá aquele trem tudo ama-
tência social, saúde e educação, etc. Mulheres e homens
relão, e água tá tão grossa, quando começou a chegar no mar
que, de forma generosa, cederam o seu tempo e compar-
ali, fi cou estranha, ela não se mistura, não (...) e o barulho do
tilharam suas histórias, lembranças e interpretações so-
mar não é mais o mesmo, fazia assim [interpretação sonora do
mar antes e depois da chegada da “lama” da Samarco], parece bre os problemas que enfrentavam.
que tá rolando mais pesado, né.” (Solange, pescadora e dona Nesta cartilha, sistematizamos alguns dados e análises
de pousada, Regência Augusta, dezembro de 2015).
produzidos a partir dessa vivência. O material é parte dos
encaminhamentos do Programa de Extensão Áreas Prote-
INTRODUÇÃO
gidas e Grandes Projetos de Desenvolvimento no Horizonte de
Entre 2016 e 2017 o Grupo de Estudos e Pesquisa em Popu- Vivências das Comunidades Locais: Os Impactos Socioambien-
lações Pesqueiras (GEPPEDES/UFES) desenvolveu ativi- tais e os seus Desdobramentos (Edital MEC/SESu/MMA/
dades de extensão em duas localidades do litoral norte PROEXT – 2016). A atividade extensionista compõe-se
do Espírito Santo: Barra do Riacho (Aracruz) e Regência como uma das ações do GEPPEDES/UFES, que, desde a
Augusta (Linhares). Dois lugares que, apesar de suas di- sua criação em 2011, preocupa-se em estudar e atuar con-
ferenças, enfrentam problemas semelhantes: vivenciam juntamente em projetos com grupos pesqueiros. Nesse
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