Page 7 - Revista - Rio e Mar
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agentes locais, coleta de relatos e histórias de vida, obser-
vações do cotidiano e visitações a lugares indicados pelos
moradores, além de pesquisa e coleta de dados junto a do-
cumentos, material bibliográfi co, sites e órgãos públicos.
Fotos 1 e 2 – Confecção de mapas falados em Regência Augusta, agos- Barra do riacho
to de 2016. Autoria: Eliana Creado/GEPPEDES, 2016.
Aracruz (ES)
ANTIGA VILA DE PESCADORES
NA FOZ DO RIO RIACHO
“(...) era comunidade de pescador mesmo! Que agora não tem
mais tanto pescador, né?! Que os fi lhos de pescadores não exer-
citam mais a profi ssão, né. Mas era um lugar de muita fartura,
Fotos 3 e 4 - Mapa falado, ofi cina em Barra do Riacho. Autoria: Aline
Trigueiro/GEPPEDES, 2016. não havia dinheiro, que naquele tempo não tinha dinheiro, mas
tinha muita fartura de peixe, muito peixe. Meu pai criou toda
nossa família e os fi lhos dele, pescando. (...) Um lugarejozinho
pequeno, que um conhecia o outro, uma família visitava a outra,
o povo... aí, foi chegando esse povo de fora, esse povo estranho, o
povo foi fi cando estranho um com o outro. Quem conhece é os
conhecidos velhos, mas o povo que chegou depois não são mais
conhecidos da gente.” (Zuzu, pescador, 89 anos, fev. 2017).
“Não, aqui é o seguinte, porque o lugar quando eu me criei aqui,
Foto 5 – Mapa Falado, Ofi cina de Regência Augusta, ago. 2016. o lugar aqui transformou muito. Vamos dizer, há quarenta anos
Autoria: Aline Trigueiro/GEPPEDES, 2016.
atrás isso aqui não era assim, isso era mudado, porque Barra do
Riacho, eu comecei a conhecer aqui com trinta e duas casas, ca-
Cada um dos mapas falados possui singularidade e im- sinha de taubinha e telha, né? Agora não, é casa com laje, então
portância em si mesmo. Apesar disso, optamos por geor- mudou muito, as rua não era calçada. E depois vinha os movi-
referenciar algumas de suas informações, com apoio de mento, vamo dizer, a prefeitura foi tomando parte e então foi
um geógrafo, com o objetivo de ampliar o processo de meiorando mais a situação, abrindo estrada, né? Então, as em-
circulação desses mapas nas esferas institucionais, ima- presa, elas tinha um lugar pras empresa chegar, e então é abrin-
ginando que eles também possam servir, assim como os do as estrada, e então vai vindo, o recurso foi feito. (...) não tinha
a Aracruz [Celulose].” (Noel, pescador, 86 anos, fev. 2017).
mapas falados, como documentos para a mobilização po-
lítica dessas localidades. Os mapas georreferenciados são A partir desses relatos, imaginamos o cotidiano na vila
apresentados ao longo desta cartilha. Juntamente com os de Barra do Riacho antes dos grandes empreendimentos:
mapas falados e as ofi cinas, utilizamos abordagens mais uma comunidade ribeirinha e pescadora, em que a ativi-
usuais como entrevistas em profundidade com diferentes dade da pesca predominava em associação com a peque-
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