Page 12 - Revista - Rio e Mar
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do (...) tem cheiro de enxofre, entendeu? É um negócio horrível!  aqui conforme vocês estão vendo, né? Joga essa água ali!
            Dá ânsia de vômito... Ou então parece que já atingiu já o lençol
                                                                  Entrevistadora: Então, aqui ele tá puxando a água do rio Gimu-
            freático. Entendeu? Então provavelmente nossa água tá conta-
                                                                  na? Entrevistado: Gimuna, não só do Gimuna, rio Riacho, lagoa
            minada. E é justo a água que vem do rio Santa Joana que vai
                                                                  do Aguiar, eh, rio Francês, o rio São José, ou seja, são uns cem
            pro nosso SAAE aí... (...) então eles fi zeram análise nas pessoas,
                                                                  córregos espalhados. Ribeirão do Cruzeiro, é... Bregio Grande,
            estão descobrindo várias pessoas ali com câncer! Com leuce-
                                                                  ou seja, todos esses afl uentes ele deixa de chegar à foz do rio
            mia, com... entendeu? E eu creio que nossa comunidade hoje, já
                                                                  Riacho por intermédio devido aquelas comportas, né, aí eles
            tem crescido um pouco esse índice de pessoas morrendo com
                                                                  cavam o rio Gimuna, né, com bomba de sucção ele controla,
            câncer aqui. Tem crescido.” (Líder comunitário, fev. 2017).
                                                                  tem o controle dessa natureza, pra ser artifi cial, e aí joga pra
                                                                  cá. (...) mas aqui já foi, no passado era rios, córrego do Pavor,
            PRODUÇÃO DE CELULOSE E CRISE HíDRICA                  todas essas águas desciam pro rio Gimuna. O rio Gimuna era a
            A contaminação dos recursos hídricos, além da ausência   garganta, era a garganta de todo o sistema pro rio Riacho.
            de esgotamento sanitário, é um problema recorrente na
            comunidade. A Fibria é considerada uma das principais
            responsáveis pela crise hídrica local, pela forma como
            alterou todo o ciclo das águas do município de Aracruz
            a partir da apropriação, desvios e represamento dos ma-
            nanciais e corpos hídricos. O empreendimento impactou
            a biodiversidade da Mata Atlântica, substituída paulati-
            namente pela monocultura do eucalipto, e gerou o pro-
            blema da desertifi cação do solo, o chamado deserto ver-
            de. Promoveu a concentração fundiária e a apropriação
            ilícita de terras antes ocupadas por populações indígenas,
            quilombolas, pequenos agricultores e pescadores locais.

            O relato de um ativista ambiental local apontou os pro-
            blemas decorrentes da gestão privada das águas de Barra
            do Riacho pela Fibria:

            “Entrevistado: Isso aqui considerado como Mãe Boa... é a bom-
            ba de sucção. É aqui que começa um dos projetos de controle
            de água da indústria de celulose, que é hoje a Fibria. Por inter-
            médio daquelas comportas (...) ela acaba não deixando a água
            dos córregos, né, que são os afl uentes do rio Riacho né, são 34
            córregos que deixam de ir pra sua foz, né, então o rio Riacho,
            né. E ali é... interditada por ali, aí o rio Gimuna é o tal rio que
            a gente fala que anda de ré, tá? Como que eles fazem isso? Eles
            vão por gravidade artifi cial, é... coloca pra escavação, né, com
                                                                  Foto 10 - Sistema de bomba de sucção com as comportas instaladas no
            dragagem, né, aí essa bomba ela faz o papel de jogar, de jogar   rio Riacho e administradas pela Fibria. Acervo GEPPEDES.

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