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O MENINO DO OUTRO
              LADO DO ESPELHO

              um colibri e mil cântaros
              cantam-me –cacos de vidro e de histórias

              sobre algum lugar, do outro lado do espelho,

              nas marcas desembotadas do tempo,

              onde, em ciranda descabida, feéricos meninos

              brotavam pelos vincos da rua
              e corriam desembestados

              com os olhos esbugalhados

              de quem sabe da vida uma felicidade

              e muitas desimportâncias.
              Mas,
              aqui estou, meus grilos,

              meus muitos grilos insistem em lembrar,

              eu estou aqui, entreolhares
              e homens atravessados sem saber

              –Quem eu fui?
              (nenhuma resposta)
              Por que carrego esse peso que me enverga as costas?


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