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ESPELHO ÍNTIMO

              Eu não estou neste rosto,
              intranquilo, reticente e áspero bicho;
              nem nestas mãos vazias,
              tampouco nesta boca arredia

              Eu não me reconheço nestes pés de parede,
              descascados e em carne-viva;
              nem pertenço a estas raízes, amarga-mandioca;
              tampouco é meu esse coração moeda de troca.

              Eu não caibo nesse olhar distante de índio desaldeado,
              nem são meus esses passos acabrunhados;
              tampouco me pertencem esses braços de abraços desajustados.

              Eu não sou mais esse lugar de onde você vê,
              não são minhas essas palavras descolando da pele;
              tampouco sou eu esta estranha criança namorando a estrada;
              fui embora, vim ver quem sou,
              fui procurar quem fui onde um dia me perdi.








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