Page 47 - Trabalho do Ir.`. Ap.´. Prof. VALDINEI GARCIA
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Se a escolha recair sobre o sistema sinistrocêntrico, o giro ritualistico se dará em sentido anti-
            horário, conforme comentado, acompanhando os movimentos de rotação e translação da Terra.
            O movimento de rotação da Terra é o giro que o planeta realiza ao redor de si mesmo, ou seja,
            ao  redor  do  seu  próprio  eixo  e  tem  duração  aproximada  de  24  horas.  Já  o  movimento  de
            translação é aquele que a Terra realiza ao redor do Sol junto com os outros planetas. Em seu
            movimento de translação, a Terra percorre um caminho – ou órbita – que tem a forma de uma
            elipse.

            Esses movimentos ocorrem no sentido anti-horário, de oeste para leste, em sentido contrário
            ao andamento dos ponteiros do relógio. Sendo o templo uma representação do universo, essa
            movimentação astronômica poderia justificar a escolha desse modelo de circulação hierarquia
            maçônica.
            Por outro lado, eleito  o Sistema  Destrocêntrico pelas Autoridades  da  Obediência, o caminho
            será  pela  esquerda  acompanhando  o  sentido  dos  ponteiros  do  relógio  ou  sentido  horário
            conforme  comentado,  sendo  o  mais  comum.  É  esse  o  giro  ritualístico  adotado  pelo  Grande
            Oriente do Brasil em seus diversos ritos, como será detalhado.
            Numa  primeira  análise,  sendo  o  Templo,  uma  representação  do  universo,  o  sentido  de  giro
            deveria ser o Sinistrocêntrico, no sentido anti-horário como já  comentado, sendo lógico que
            nossos giros ritualísticos acompanhassem o sentido astronômico. Todavia, isso não ocorre, uma
            vez que a convenção vem do passado e se baseia na tradição.

            A tradição convencionou, com base em antigos rituais, o giro em sentido horário em volta de
            um altar, não sendo, portanto, coisa recente.

            Enquanto os egípcios valorizaram o lado esquerdo como o lado espiritual, os gregos  antigos
            tinham o lado esquerdo como o “desfavorável” e o direito como o “favorável”, visto que, em
            regra, o braço direito favorece mais o dono do que o esquerdo. Daí surgiu a referência popular
            de que “fulano é meu braço direito”. Por esse entendimento, a circulação em torno dos altares
            gregos era sempre realizada de forma que o lado direito ficasse próximo ao altar.

            Já  os  romanos,  adotando  o  mesmo  procedimento,  vieram  a  chamar  essa  circulação  de
            “dextrovorsum” e relacioná-la ao aparente movimento que o Sol faz diariamente em torno da
            Terra. Esse aparente movimento do Sol se deve ao fato da Terra girar no sentido anti-horário
            em torno de seu eixo (Rotação), o que gera a percepção para seus habitantes de que é o Sol que
            está se movendo no sentido horário.

            Vários outros povos em diferentes épocas, tendo sempre o aparente movimento do Sol como
            referência, também adotavam a circulação em sentido horário, tendo altares, fogueiras, totens
            ou sacrifícios como eixo.

            Devemos nos ater que até a Idade Média, a Terra era tida como o centro do sistema solar (uma
            espécie de Sistema Geocêntrico) e que eram o sol e os demais astros que giravam em torno da
            terra,  que  como  centro  de  tudo,  ou  ponto  central,  ficava  parada.  Daí  então,  o  aparente
            movimento do sol em torno do nosso planeta orientou o sentido do giro nos povos antigos.

            Diante  desse  sistema  geocêntrico  vigente,  as  rotações  às  avessas  (sentido  sinistrocêntrico)
            foram relacionadas aos rituais de magia negra. As bruxas dançavam neste sentido ao redor da
            figura do diabo. Daí então se firmou a codificação do Giro do Bem e do Giro do Mal.








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