Page 110 - Relatorio de segurança_Assembleia_-
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comportavam o número de presos, as suas
portas foram removidas, para que os detentos
pudessem ocupar também o corredor das
respectivas galerias. O PCPA deixou de ter
celas; passou a ter galerias. O único portão de
segurança, a separar os presos do pessoal da
administração, tomou-se, assim, o portão da
galeria.
(...)
Os banheiros adaptados no centro das celas
para oito pessoas (não previstos no projeto
original do prédio) passaram a infiltrar para o
andar debaixo das galerias. Para evitar o esgoto
dos vasos sanitários das galerias superiores, os
presos fixam sacos plásticos no teto,
canalizando-os com garrafas plásticas até as
janelas que dão para o pátio interno.
Por se tratar de banheiros adaptados, a sua
canalização é externa e corre na lateral do
prédio até a rede coletora. Com uma
superlotação de centenas de pessoas, esses
canos foram entupindo. O desentupimento se
deu por meio da quebra dos canos. Como
consequência, a descarga dos vasos sanitários
faz com que os dejetos cloacais de centenas de
pessoas caiam no pátio interno.
A cena é verdadeiramente grotesca! Canos
rompidos e destruídos pelo tempo fazem com
que, nos pátios, os esgotos corram a céu aberto.
Essa miséria é "amenizada" com algumas valas
para dar maior vazão ao escoamento. Noutros
pontos, cobertores chegam a ser usados para
conter as fezes humanas advindas dos
banheiros das galerias.
No mesmo sentido, o Multirão Carcerário, realizado pelo Conselho
Nacional de Justiça, apontou :
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36 Conselho Nacional de Justiça. Mutirão Carcerário Local no Presídio Central de Porto
Alegre/RS. Relatório Geral. Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema
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