Page 71 - 5
P. 71
Manuel Abranches de Soveral FRAGMENTA HISTORICA
2.9.3. Miguel Nunes de Carvalho, n. cerca Borba de Godim (Felgueiras), que tirou
de 1516, moço fidalgo de Casa de D. ordens menores em Braga a 31.3.1487
João III com 1.000 reais de moradia como Tristão Gonçalves Ribeiro , e fal.
571
(1533). Em 1585 vivia na sua quinta em 1543 em Idães (ib), onde foi senhor
566
de Sentins, junto a Santarém. Casou da quinta da Torre, escudeiro , fidalgo
572
567
cerca de 1555 com Maria do Casal, da Casa de Bragança, tendo estado com
filha ou sobrinha de D. Frei Gaspar o duque D. Jaime na tomada de Azamor
do Casal (1510-1584), confessor de (1513), onde foi armado cavaleiro,
D. João III, bispo-conde de Coimbra, com confirmação real de 21.6.1514.
573
bispo de Leiria, lente da Universidade Foi tabelião de Felgueiras e Unhão
de Coimbra, presidente da Mesa da (19.3.1491 , cargo a que renunciou
574
Consciência, etc. C.g. 568 em 1493 , voltando a ocupá-lo com
575
D. João III ) e de Cepães e Meinedo
576
2.10. Helena Mendes de Carvalho, n. cerca
de 1492 em Guimarães e fal. em Idães
(Felgueiras), onde viveu casada. Foi a 2ª do Santo Ofício, IC, proc. 8153). Neste processo apura-
mulher , com que casou cerca de 1513, se, para além do que já ficou dito, que era irmã de um
569
Pedro Ribeiro, casado com Filipa Fernandes, cristã-
de Tristão Ribeiro , n. cerca 1470 em nova, também moradores no Porto e já falecidos, de
570
um Heitor Ribeiro e de um Simão Ribeiro, este filho
Pouca (11.1.1805). bastardo de seu pai. Isabel Ribeiro e seu marido Simão
566 Consta como “Miguel Nunes, filho do Doutor Pedro Dias tiveram descendência, muita dela também presa
Nunes”. Vide D. António Caetano de Sousa, “Livro dos pela Inquisição (ib, processos 9725, 1730 e 1730-1,
Moradores da Casa do Senhor Rey D. João III do nome, 12324, 12152, etc.). Acresce que Isabel Ribeiro diz que
Rey de Portugal”, in “Provas da História Genealógica da foi iniciada no Judaísmo muito nova, em Guimarães,
Casa Real Portuguesa”, ob. cit. por umas suas tias paternas, que não nomeia. Portanto,
567 “Emmenta da Casa da Índia”, 1907, ob. cit., p. 33; Isabel Ribeiro nasceu cerca de 1506, parecendo que os
e “Ementa da Casa da Índia: Manuscrito da Biblioteca irmãos legítimos nasceram antes. Quer isto dizer que o
Central da Marinha”, 2010, de Carlos Alberto da casal cristão-novo Tristão Ribeiro / Helena Mendes terá
Encarnação Gomes, p. 32. casado cerca de 1500, de qualquer forma seguramente
568 Pais de Gaspar do Casal, moço fidalgo da Casa Real antes do casamento dos fidalgos em epígrafe Tristão
que embarcou nas armadas da Índia de 1578 e 1580 (pai Ribeiro e Helena Mendes de Carvalho, que aliás viveram
de Miguel Nunes de Carvalho e António Machado de casados em Felgueiras. Pelo que o baptismo daqueles
Carvalho, moços fidalgos, que embarcaram na Armada em 1497 ou 98, e a consequente adopção dos nomes
da Índia de 1611); de Filipe de Carvalho, também moço cristãos, não pode resultar de terem por padrinhos os
fidalgo, que embarcou em 1585 e 1586 (vide “Ementa anteditos Tristão Ribeiro e Helena Mendes de Carvalho,
da Casa da Índia: Manuscrito da Biblioteca Central da então ainda não casados e ela com 5 ou 6 anos de
Marinha”, 2010, ob. cit., pp. 104, 107, 117, 118 e 157); idade. Ele, nascido cerca de 1470, casado a 1ª vez em
e de D. Ana de Carvalho, que casou com seu primo 1491, podia ter sido padrinho (dando assim o seu nome,
Cristóvão de Carvalho, 5º morgado de Cepões, referido como era habitual), mas a probabilidade é pequena,
na nota nº 653. dado que, embora a sua mãe fosse de Guimarães, em
569 Tristão Ribeiro casou a 1ª vez em 1491 com Catarina 1491 já vivia em Felgueiras. Uma coisa é certa: apesar
Formoso, herdeira da casa e quinta do Castanheiro das coincidências, não se pode nunca confundir o
Grande, em Idães, depois chamada quinta da Torre de fidalgo Tristão Ribeiro, que tirou ordens menores em
Idães, filha de João Formoso, juiz das sisas e órfãos de 1487, filho do abade de Borba de Godim, com o judeu
Felgueiras e Unhão, também c.g. de Guimarães que em 1497/8 adoptou o nome Tristão
570 A Genealogia portuguesa é das coisas difíceis Ribeiro na conversão obrigatória.
que há, muito contribuindo para essa dificuldade a 571 ADB, Matrículas de Ordens da Mitra de Braga, pasta
promiscuidade onomástica que se verifica, alguma IV, cad. 37. Consta aí como filho de presbítero e de
dela resultante da conversão obrigatória dos judeus soluta.
em 1497. Documenta-se, com efeito, que na mesma 572 Referido como escudeiro, morador na terra de
cronologia viveu em Guimarães um casal de cristãos- Unhão, em 1511.
novos, chamando-se ele Tristão Ribeiro e a mulher 573 ANTT, Chancelaria de D. Manuel I, M., Liv. 11, fól. 40v
Helena Mendes. A filha deste casal, Isabel Ribeiro, e 112v.
nasceu em Guimarães e viveu no Porto casada com 574 ANTT, Chancelaria de D. João II, Liv. 9, fól. 116.
Simão Dias, meio cristão-novo, mercador, sendo já 575 ANTT, Chancelaria de D. Manuel I, M., Liv. 37, fól.
viúva quando foi presa pela Inquisição a 7.10.1566, 9. Renunciou em Heitor Coelho, que tomou posse a
tinha 60 anos, confessando seguir o Judaísmo, pelo que 1.3.1493.
foi sentenciada a 1.8.1578 e queimada (ANTT, Tribunal 576 ANTT, Chancelaria de D. João III, M., Liv. 46, fól. 55v.
71