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FRAGMENTA HISTORICA Cristóvão Mendes de Carvalho ‐ História de um alto
magistrado quinhentista e de sua família
huma carta de El Rey Dom Affonso que tal he. //
Dom Affonso etc., A quantos esta nossa Carta virem fazemos saber
Gomes Martins de Lemos
que por as maldades e traições que Fernãode Alvres da Maya cometeo 1º senhor - 13.11.1449
contra nossa pessoa, e Real Estado sendo com o Infante Dom Pedro
ANTT, Chancelaria de D.
na Batalha de Alerrobeira que connosco houve e por o dito feito asi Manuel I, Liv. 13, fól. 58
ser notorio, e o dito Fernão Alvres ser ser asi em ella todos seus bens e 58v
moveis e de raiz e terras pertencem a nos de Direito e os podemos
dar a quem nossa mercê for, e ora querendo nos fazer graça e mercê a
Gomes Martins de Lemos Fidalgo da nossa Caza por os muitos e grandes
serviços que delle recebemos e entendemos de receber ao diante de
nosso moto próprio livre vontade certa ciência poder absoluto sem
nolo elle pedir nem outrem por elle fazemos lhe pura e irrevogavel
doação entre vivos valedoura deste dia para todo sempre em tal giza
que nunca em algum tempo possa ser revogada nossa terra da Trofa
que de nos trazia o dito Fernão Alvres ao tempo que foi na dita batalha
com o dito Infante em nosso desserviço a qual doação lhe fazemos para
todo mo sempre de juro e herdade para elle e todos os seus filhos, e
netos e para todos outros seus descendentes que dele naturalmente
descenderem por linha direita masculina e que por seu falecimento
a dita terra venha a seu filho Barão lidimo que a essa tempo ahi for
achado e por falecimento do dito seu filho venha a seu Neto mayor
lidimo Neto do dito Gomes Martins filho de seu filho barão e assi venha
de em diante por linha lidima direita masculinamente sem passando
nunca em algum tempo a algum de linha travessa, e sem nunca ser
vendida escaymbada nem enlheada toda nem parte della mas que
ande sempre juntamente asi e pela maneira que pelos Reys que anter
nos forão he estabelecido nas outras nossas terras da Coroa do Reyno
e mandamos que falecendo algum descendente barão do dito Gomes
Martins que a dita terra fique logo e seja tomada a Coroa de nossos
Reynos para nos, e nossos sucessores fazerem della o que nossa mercê
for como de cousa nossa própria a qual terra lhe damos a si de juro e
herdade com todas as suas entradas, e sahidas, e pertenças e direitos,
e direituras e com quaisquer outras rendas que a dita terra pertenção
e com toda a sua jurisdição alta e baixa cível e crime mero e misto
império ressalvando para nos sempre as alçadas e correição asi no cível
como no crime em tal gisa que o nosso Corregedor da dita Comarca
possa entrar na dita terra e na dita Correição asi e tão compridamente
como he contenido nas ordenações dos nossos Reynos feita em tal
cazo e como como delo uzava no tempo que a de nos tinha o dito
Fernãode Alvres ao tempo que asi foi na dita Batalha, e prometemos
por nossa fé Real e por nos, e por nossos sucessores de a nunca
revogar mais nem hir contra ella em nenhuma gisa que seja e porem
mandamos a todos os nossos Corregedores Juízes, e Justiça, e nossos
Contadores, e Almoxarifes oficiais e pessoas de nossos Reynos a que
pertencer que metão em posse da dita terra ao dito Gomes Martins ou
a seu certo procurador e lha leixem haver com todas as suas rendas, e
direitos foros e pertenças que lhe direitamente pertencerem asi, e tão
compridamente como ao dito Fernãode Alvres havia, e tinha ao tempo
que foi na dita batalha e melhor se a nos direitamente pertencer e lhe
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