Page 30 - DEUS É SOBERANO - A. W. Pink
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Definição                                               25

                    O exercício  soberano da graça é  ilustrado em quase
             cada  página  das  Escrituras.  Os  gentios  são  abandonados  a
             viverem em seus próprios caminhos,  ao passo que Israel  se
             torna o povo da aliança do Senhor.  Ismael, o primogênito, é
             rejeitado, praticamente destituído de bênçãos, enquanto Isaque,
             filho da velhice, é escolhido como filho da promessa. Esaú, o
             generoso  de  coração,  perde  o direito  à bênção,  enquanto  o
             astuto Jacó recebe a herança e é moldado como um vaso de
             honra.  Assim  é  também  no  Novo  Testamento.  A  verdade
             divina é ocultada aos sábios e entendidos, mas é revelada aos
             pequeninos. Os fariseus e saduceus são deixados a trilhar seu
             próprio  caminho,  enquanto  publicanos  e  meretrizes  são
             atraídos pelos laços do amor divino.
                    De forma notável, a graça divina foi exercida quando
             do nascimento do Salvador.  A encarnação do Filho de Deus
             foi um dos maiores eventos da história do universo, mas este
             grande evento  não  foi revelado a toda a raça humana.  Pelo
             contrário,  foi revelado de maneira especial  aos pastores  de
             Belém e aos  sábios do Oriente.  E isso predizia e indicava o
             curso inteiro desta dispensação, porque até hoje Cristo não é
             revelado a todos. Teria sido fácil a Deus enviar uma comitiva
             de anjos a cada nação, para anunciar o nascimento do Filho.
             Porém, Ele não agiu assim. Deus facilmente poderia ter atraído
             a atenção de toda a humanidade para a “estrela”; mas Ele não
             o fez.  Por quê?  Porque Deus é soberano e dispensa os  seus
             favores para quem quer. Note-se, em particular, as duas classes
             de pessoas às quais foi revelado o nascimento do Salvador, a
             saber, às classes menos prováveis — pastores e gentios vindos
             de  um  país  longínquo.  Nenhum  anjo  se  postou  diante  do
             Sinédrio e anunciou a vinda do Messias de Israel!  Nenhuma
             “estrela” apareceu aos escribas e intérpretes da lei enquanto,
             no  seu  orgulho  e  sua  justiça  própria,  pesquisavam  as
             Escrituras!  Buscavam saber com diligência onde haveria de
             nascer o Messias, mas não lhes foi revelado que o Messias já
             havia  chegado!  Que  demonstração  da  soberania  divina  —
             pastores humildes foram escolhidos para receber uma honra
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