Page 58 - DEUS É SOBERANO - A. W. Pink
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Salvação                                                53

          orgulho  intelectual,  de  endeusamento  do  homem,  é  mister
          insistir na verdade de que o Oleiro forma os vasos conforme
          Lhe  apraz.  Por  mais  que  o  homem  queira  discutir  com  o
          Criador, permanece o fato que ele nada mais é do que barro
          nas mãos do Oleiro celestial; e, apesar de sabermos que Deus
          lidará equitativamente com as suas criaturas e que o Juiz de
          toda a terra não deixará de fazer justiça, mesmo assim reco­
          nhecemos que Ele molda os seus vasos para os seus próprios
          propósitos  e  segundo  o  seu  próprio  beneplácito.  Deus
          reivindica o  direito  indisputável de  fazer  o  que  quiser  com
          aquilo que Lhe pertence.
                 Deus  não  apenas  tem  o  direito  de  realizar  os  seus
          propósitos com as criaturas de suas próprias mãos, mas igual­
          mente exerce esse direito, e em nenhum ponto isso é revelado
          com maior clareza do que em sua graça predestinadora. Antes
          da fundação do mundo, Deus fez uma escolha, uma seleção,
          uma  eleição.  Diante  do  seu  olhar  onisciente  estava  toda  a
          raça de Adão, e dela Ele selecionou um povo, predestinando-o
          à  “adoção de filhos”,  predestinando-o a ser conformado  “à
          imagem de seu Filho”, destinando-o à posse da vida eterna.
          Muitos são os trechos bíblicos que demonstram essa bendita
          verdade e agora voltaremos a atenção para sete dentre eles.
                 “Creram todos os que haviam sido destinados para a
          vida eterna” (At 13.48). Todas as artimanhas da engenhosidade
          humana têm sido empregadas para obscurecer o  significado
          deste versículo e para explicar de outro modo o sentido óbvio
          de suas palavras; mas todas as tentativas'têm sido em vão; de
          fato, nada pode conciliar esta e outras passagens semelhantes
          com a mente do homem natural. “Creram todos os que haviam
          sido destinados para a vida eterna. ” Aprendemos aqui quatro
          coisas:  Primeira, que o ato de crer é a conseqüência e não a
          causa do decreto divino.  Segunda,  que somente um número
          limitado foi destinado  “para a vida eterna”; porque se todos
          os homens, sem exceção, fossem assim destinados por Deus,
          então as palavras “todos os que” formariam uma qualificação
          sem  qualquer  significado.  Terceira,  que  esse  “destino”
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