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30 Março, 2018                                                                                             17
     Gazeta das Caldas                                            Página Cultural



     “O festival Ofélia contribui para que haja uma

     aproximação entre a ESAD e o curso de Teatro”



     Um festival de teatro. Um festival de alunos. Um festival de partilha. É este o espírito do Ofélia, evento organizado pelo segundo ano
     da licenciatura em Teatro da ESAD. A iniciativa, que vai já na sua oitava edição, realizou-se entre os dias 20 e 23 de Março e incluiu no
     programa 18 peças, todas com lotação esgotada.
     Participaram este ano – além da própria ESAD – a Escola Superior de Teatro e Cinema, a Escola Superior de Educação de Coimbra, a
     Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo, a Escola Superior de Tecnologias e Artes de Lisboa e a Universidade de Évora.

     Maria Beatriz Raposo  ra Hopewell e a filha Joy, a caseira   E o que é afinal um bom cristão?  mente de alunos.   Beatriz Raposo
     mbraposo@gazetacaldas.com  Freeman e o vendedor de bíblias   “A gente sã do campo” foi uma das   “Partilha é a palavra que define
                        Manley Pointer. A primeira é uma   18 peças apresentadas no Ofélia,   o Ofélia porque as escolas que
     O corredor do edifício EP2 da ESAD   mulher que vive em torno de cli-  que contou em média com 50 es-  participam partilham o seu tra-
     está cheio. A maioria das pessoas   chés como “nada é perfeito, é a   pectadores por espectáculo. As sa-  balho, ao mesmo tempo que os
     são estudantes. Estão à espera que   vida” ou “as outras pessoas tam-  las de aula da ESAD foram o palco   alunos têm aqui a oportunidade
     se abram as portas para o espectá-  bém têm as suas opiniões”; Joy,   para a maioria das representações,   de pôr em prática as suas ideias,
     culo “A gente sã do campo”, que   a filha, tem uma perna amputada,   mas não o único. Também o Centro   de testá-las no laboratório que é
     será interpretado por alunos da es-  é doutorada em filosofia e não se   Cultural e Congressos, a Praça da   o festival”, diz Francisco Madureira
     cola de artes caldense. Momentos   identifica com as pessoas que a ro-  Fruta e o Parque D. Carlos I fo-  (da organização) à  Gazeta das
     antes, já tinham actuado os estu-  deiam, com aquela “gente sã do   ram outros locais por onde pas-  Caldas. Este ano, as alunas Flaviana
     dantes da Universidade de Évora   campo”; a senhora Freeman é a ca-  sou este festival, que contou ain-  Borges e Ana Ribeiro e a profes-
     e da Escola Superior de Música e   seira que gosta mais de conversar   da com palestras, debates e sessões   sora Margarida Tavares também
     Artes do Espectáculo (Porto).  do que de trabalhar e pensa que   de cinema.   integram o núcleo que organiza o
     De volta à acção, o palco agora é a   sabe tudo; e Manley Pointer surge   Ofélia, que além disso conta com
     sala 16. Há espera que a peça come-  como o cristão exemplar que ven-  PROJECTO EXCLUSIVO   um staff de 22 pessoas (a turma de   Durante três dias, a ESAD foi palco para um festival de teatro que contou com a
     ce, os espectadores encontram-se   de a palavra de Deus, o símbolo da   DE ALUNOS  segundo ano do curso de Teatro).  participação de seis escolas
     sentados em estrados de madei-  simplicidade, mas que na realidade   O Ofélia é um verdadeiro teste para
     ra, junto ao chão. Ao contrário da   é um impostor com o único objecti-  O festival Ofélia surgiu há oito anos,   os estudantes de teatro. “Estar do   planificar cada momento”, acres-  importante para dar-lhes a per-
     maioria dos espectáculos de teatro,   vo de seduzir jovens com deficiên-  movido pela vontade do curso de   outro lado é muito mais difícil   centa Francisco Madureira.  Para o   cepção da qualidade que temos
     em que os actores contracenam à   cias (como Joy), maltratando-as.   Teatro da ESAD em mostrar à co-  do que parece. Ganhamos uma   jovem, o festival tem ainda outra   para oferecer”, afirma.
     frente do público, em “A gente sã   O texto é uma adaptação do conto   munidade escolar o trabalho que   visão abrangente do meio, de   “missão”: promover uma aproxi-  A organização do Ofélia teve ain-
     do campo” os alunos da ESAD cir-  de Flannery O’Connor que põe em   era desenvolvido dentro da sala de   como funcionam as coisas, por-  mação entre o curso de Teatro e   da o apoio da Câmara Municipal
     culam por toda a sala, a dois pas-  causa a simplicidade das pessoas   aula. Este é um evento dinamizado   que aprendemos que não chega   a própria ESAD. “Há uma separa-  das Caldas da Rainha, da Junta
     sos da plateia.    do campo. Que questiona: até que   fora do horário escolar, que não é   fazer um contacto e esperar que   ção entre o nosso curso e os res-  de Freguesia Nª Sra. do Pópulo,
     São quatro as personagens que   ponto essa simplicidade é genuína   inserido em nenhum projecto dis-  tudo corre bem. É preciso estar   tantes, desde logo porque temos   Coto e São Gregório e da Escola
     dão corpo a esta peça: a senho-  e não cai na mera superficialidade?   ciplinar. É um projecto exclusiva-  sempre em cima das pessoas e   aulas noutro edifício. O Ofélia é   de Sargentos do Exército.
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