Page 39 - Fortaleza Digital
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TRANSLTR era importante. O supercomputador já havia ajudado a frustrar
      dezenas de ataques, mas essas informações eram altamente secretas e nunca
      seriam reveladas. A lógica por trás da manutenção desse segredo era simples: o
      governo americano não poderia permitir uma histeria em massa causada pela
      revelação da verdade. A reação do público às notícias era uma incógnita.
      Somente no último ano, grupos fundamentalistas tinham feito duas tentativas de
      ataques com armas nucleares em solo americano. Ambas foram evitadas por
      pouco.
      E os ataques nucleares não eram a única ameaça. No mês anterior, por exemplo,
      o TRANSLTR havia impedido um dos ataques terroristas mais engenhosamente
      concebidos que a NSA já vira. Uma organização de oposição ao governo tinha
      elaborado um plano cujo codinome era Floresta de Sherwood. O alvo era a Bolsa
      de Nova York, e o objetivo, a
      "redistribuição da riqueza': Durante seis dias, membros do grupo colocaram 27
      dispositivos de fluxo EMI nãoexplosivos nos prédios ao redor da Bolsa. Quando
      acionados, eles iriam gerar uma poderosa onda eletromagnética. A descarga
      simultânea iria criar um campo magnético tão poderoso que qualquer mídia
      magnética dentro da Bolsa seria apagada - incluindo discos rígidos de
      computadores, bancos de armazenamento em memória ROM, backups de fita,
      disquetes, etc. Todos os registros de "quem possuía o quê" seriam
      permanentemente desintegrados.
      Como era necessária uma precisão absoluta para a detonação simultânea dos
      dispositivos, eles foram interconectados via Internet através de linhas telefônicas.
      Durante a contagem regressiva de dois dias os relógios internos dos dispositivos
      trocaram infindáveis cadeias de dados de sincronização codificados. A NSA
      interpretou os pulsos como alguma anomalia na rede, mas ignorou-os porque
      pareciam ser uma troca inofensiva de bobagens. Mas depois que o TRANSLTR
      decodificou as cadeias de dados, os analistas da agência reconheceram a 39
      seqüência como uma contagem regressiva sincronizada através da rede. Os
      dispositivos foram localizados e removidos apenas três horas antes do momento
      em que deveriam disparar.
      Susan sabia que, sem o TRANSLTR, a NSA não tinha como fazer frente ao
      avançado terrorismo eletrônico. Ela olhou novamente para o monitor. Continuava
      mostrando pouco mais do que 15 horas. Ainda que o arquivo de Tankado fosse
      decodificado naquele exato momento, a NSA estava acabada. A Criptografia
      estaria relegada a quebrar menos de dois códigos por dia. Mesmo com a taxa
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